O senhor me dê licença,
Mas esse termo eu vou cunhar
É assim que se escreve…
bra-si-li-en-cia,
Sim, meu senhor, eu tenho essa coisa em mim,
Trago livros volumosos no lombo,
E um sorriso amarelo, quase espontâneo,
Trago porões frios e memórias lançadas ao mar
Ganhei fama de preguiçoso,malandro e saqueador,
Colocaram meu caráter em jogo,
Então me tornei jogador,
conheço as trilhas que levam ao paraíso e ao inferno,
Tenho índios, negros e europeus, dançando nas minhas veias, fazendo seus ritos e sinais de fumaças,
Sou padre, pastor, e babalorixá,
Eu sou a resistência, sou múltiplo e safo,
Sei dos meus antepassados a dor,
e reconheço meu poder de resiliência
Fui forjado nos rios, morros,
becos e vielas,
Desci ladeiras,
Subi desfiladeiros e colinas,
venci, perdi,
Ressuscitei ao terceiro dia,
Sacudi a poeira,
Peguei trem lotado,
Comi o pão o que senhor amassou!
Cuidei dos meus irmãos
protegi minhas irmãs
Das garras fétidas dos desbravadores encachaçados,
Eu… sou aquele que os teus livros
omitiram.