Marcelo Veloso

SOBRAS NO PRATO

O que sobra no prato,

é o retrato da ganância,

que mostra bem a distância,

entre a fartura e a mesquinhez,

entre o desejo e a volúpia,

entre a doação e o descaso,

que fritura a decência,

e assa a caridade em ato raso.

 

O que sobra no prato,

é o ornato da insolência,

que demonstra como há ineficiência,

entre a disposição e a concessão,

entre o sentimento e a ajuda,

entre a opção e o tratamento,

que apodrece a empatia,

e descarta o respeito como um excremento.

 

O que sobra no prato,

é o substrato da estupidez,

que faz distinção, com acidez,

entre o apoderado e o desvalido,

entre o escorreito e o pechoso,

entre a crueza e a ternura,

que intoxica a gratidão,

e joga no lixo a brandura.

 

O que sobra no prato,

não são apenas restos, dos excessos,

nem arestos de processos,

nem a vicissitude irônica,

é o lampejo da idiossincrasia,

que nem semeia nem brota fruto,

pelo enraizado fugaz na carestia.

 

O que sobra no prato,

é a indelicadeza com a verdade,

tão secionada pela gana,

pra escancarar à sociedade,

a frágil limitação humana.

 

O que sobra no prato,

é a anomalia do preconceito,

o abrutamento da cobiça,

a deformidade social,

resquícios da ablepsia da justiça.

 

  • Autor: Marcelo Veloso (Offline Offline)
  • Publicado: 17 de Fevereiro de 2022 12:18
  • Comentário do autor sobre o poema: Para uma reflexão pontual e bem objetiva: O que tem sobrado em seu prato?
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 14

Comentários3

  • Shmuel

    Um poema e tanto! Parabéns poeta, Marcelo Veloso.

    • Marcelo Veloso

      Muito obrigado, Shmuel. Abraços.

    • CORASSIS

      Realmente o que colocastes no prato,
      Verdades .
      Realmente um poema e tanto
      Parabéns , abraço poeta.

      • Marcelo Veloso

        Corassis, obrigado pelo "Realmente o que colocastes no prato, verdades." Bem isso, mesmo. Bom dia.

      • LEIDE FREITAS

        Realidade pura. Boa reflexão.
        Boa noite!

        • Marcelo Veloso

          Obrigado, Leide, sempre gentil em seus comentários. Abraços.



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