Elfrans Silva

A FILHA DO PROFESSOR

    A FILHA DO PROFESSOR 

Fui matreiro, sem ser displicente 
Isso não! Joguei bafo, joguei bola,
Fiz bodoque, e lançava meu pião 
Sempre anuí respeito ao docente 
Meu velho pai animava e me dizia:
Te medirão pelo grau de instrução 
Não falte à aula e honre a serventia
Prove a ti mesmo a tua educação 

Lá ia eu abraçado ao bornalzinho.
Meu uniforme até no quarto ano
Camiseta, bermudão e chinelinho
Quis estudar pra ser o "seu Fulano"
Jamais seria, igual Albert Einstein 
Nem queria ser um João Ninguém 
Mas foi no quarto ano do primário 
Que a vida mudou o meu itinerário 


Neste dia se sentara do meu lado
Uma menina botão abrindo em flor
Olhos castanhos, lábios torneados
Grata surpresa! a filha do professor
Rosto redondo de anjo encarnado
Meio sem jeito, tentando disfarçar 
Quase toquei seu cabelo cacheado 
Relutei pra não perder o meu lugar


Prometia ser um ano de emoção 
Ali sentados, e na mesma carteira
Tudo fazia pra chamar su'atenção 
Ela sorria balançando a cabeleira
No recreio encurtava a distância 
Pegava sopa se tocando na fileira
Flagrados afastados das crianças 
Dava bronca a bondosa cozinheira 


E assim estudamos o ano inteiro
Nao entendi o que de fato sucedeu
Vindo a prova do exame derradeiro 
Ela "rodou", só quem passou foi eu
Teria o Mestre reprovado sua filha?
Ou preferiu ter ensino avançado?
Triste rever a estampa da cartilha
E lembrar como dois enamorados
              >>>>>>><<<<<<<.
Ouso afirmar com base na certeza
Nunca o pai, inda mais um professor 
Que vê no filho a sua maior riqueza
Pise no ensino em nome do amor!
O instrutor, se mantém imparcial
A mesma sala considera uma familia
Sente tristeza do aluno que foi mal 
Sorri feliz pelo outro quando brilha 

E eu medito olhando a nova turma
Sinto um vazio que recuso a aceitar
Com outra face a gente acostuma
O que dizer do que chegou para ficar?
Do meu lado uma sombra do passado
Não é ninguém, só minha sensação 
Algo infantil que todos têm guardado
E conservado no estojo do coração .

  • Autor: Elfrans Silva (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 16 de Outubro de 2021 19:39
  • Comentário do autor sobre o poema: Homenagem ao Dia do Professor - 15 DE OUTUBRO
  • Categoria: Ocasião especial
  • Visualizações: 49

Comentários5

  • Maria dorta


    Meio estranha essa homenagem,poeta. A mim me pareceu meio híbrida: parecia uma " acusação" ao instrutor e muito mais um lamento teu..ou errei na análise?

    • Elfrans Silva

      Boa noite querida amiga.
      Como você mesma diz, a cada um cabe interpretar rsrsrs.
      Dois mestres na história. Um é meu pai. Ambos em igualdade de amar os "objetos" de seus ensinos. De um, depende o sucesso do outro. É mais ou menos isso rsrsrs. Os Alvos da educação podem ter sortes diferentes. Mas aí é outra história kkk. Obrigado por sua apreciação e comentário poetisa. Um domingo de paz pra todos nós. Abraços

    • Cecilia

      Elfrans, adorei! despertou-me uma enxurrada de doces recordações. Voltando ao poema, imagino que a menina, encantada com você, descuidou das lições...Beijo.

    • Elfrans Silva

      Boa tarde, professora Cecília. Com certeza, muitas e doces lembranças.
      Quanto ao descuido da menina em estudar, por minha causa...será? A Maria Dorta tem outra opinião rsrs. Mas vamos fazer o seguinte: se vcs duas fizerem um poema cada descrevendo seus pareceres, eu faço o terceiro dizendo o que descobri naquele ano em que estudei sem a presença dela. Combinado? Kkkkk. Se alguém mais opinar aqui e for opinião diferente entra no poema também, certo?
      Vamos lá. Vcs vão se surpreender com o acontecido rsrsrs. Aguardo vcs. Bjs poeta Cecília. Ótima semana

    • Cecilia

      No quarto primário, dez aninhos, descobrimos os meninos,
      que antes eram feios e incrivelmente chatos.
      Percebemos que a proximidade de alguns
      produzia reações físicas imediatas: calor, rubor, suor.
      Outras tardias, duráveis e mentais, como sonhar de dia,
      não dormir à noite. Estudar? Hora nenhuma...

      Baseado em fatos reais. Chamava-se Milton e tinha olhos verdes.

    • Elfrans Silva

      Sempre esses de olhos verdes rsrs.
      Oque esses têm que os outros não têm?
      - olhos verdes, uai!!!!
      Kkkk. Tá explicado.
      Abraços amiga poeta. Maringá após a chuva está instável. Boa semana de vitória pra vc.

      • Cecilia

        Obrigada, Elfrans! abraço.



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