Deise Zandoná Flores

Degraus

 

Já se vai o dia, manto da aurora.
Já se vai o pranto, cria da poesia.
Os vícios de ontem fogem do agora,
onde seriam postos às provas vis dos escrutínios. 

A vela acesa traz ao chão um pedaço de céu.
O sol vivo da escuridão é só o mel do senão.
Se nada provam os precipícios, mais do que os abismos,
os degraus não formam escadas nas faces do papel. 

A noite brinca de sombras e dissolução.
O véu, que encobre, é o mesmo que desvela.
E quando Medo e Sono lado a lado se emparelham,
as oitavas precipitam-se ao nada em contradição. 

O mais grave e o mais agudo tornam-se mudos,
embalam o adulto sisudo no berço do descanso.
E quando encara da noite o umbroso manto,
no colo do Sono, o filho da treva, torna à infância. 

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Este poema integra o livro: A Progênie da Noite

  • Autor: Deise Zandoná Flores (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de Setembro de 2021 15:51
  • Comentário do autor sobre o poema: O livro "A Progênie da Noite" está disponível na Amazon, Clube de Autores, demais livrarias e plataformas nos formatos impresso e e-book.
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10

Comentários2

  • Claudio Reis

    A noite brinca de sombras e dissolução.
    O lirismo atenua os versos!

    Poetize poetisa, poetize!

    Siga feliz.

  • wesley santos rabelo

    "os degraus não formam escadas nas faces do papel. "
    os degragraus podem formar caráter, mas somente para aqueles atentos para o bem e o mau,,



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