Alma (des)atada

Cristh

Eu queria te levar
Mas te deixo em meu quarto
Prendo teu livre andar
Pois já estou eu tão farto.

De ver-te tão aflita
Fria, calculista e a gritar
Espero um dia estar solícita
A esta atroz ferida debelar

Esta que em ti tem habitado
E que se nega a evadir
Para impedir que em um abraço 
Pudesses a paz por fim sentir. 

Busquei deveras intrepidez
A fim deste torvo lanho cerzir
Que no espelho, com limpidez 
O sorriso de teus lábios refletir.

Fique em meu esconderijo 
Sossegue o teu espírito, e hei
De oferecer-te alento, sólido abrigo
Prometo que de ti as úlceras sararei.

Você recusou-se a dizer
Quem ou qual seria a circunstância 
De tantas chagas em teu ser
Que te encheram de arrogância. 

Mas disse-me: "Muito obrigada"
E quase choro de emoção:
"Jamais deixe, minha amada
Que te dilacerem o coração".

  • Autor: (In)mimesis (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de julho de 2021 00:15
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 31
Comentários +

Comentários1

  • Shmuel

    Bravo! Quanta riqueza cabe em sua poesia. Gosto do zelo com que trata a Última Flor do Lacio.

    Beijos poéticos!

    • Cristh

      Obrigada por sempre se fazer presente em minhas publicações. E por citar Olavo Bilac. Nossa \\\"Última flor do Lácio, inculta e bela\\\" carece de homenagens e homenagens, teus escritos carregam tais bondades. Abraços!

      • Shmuel

        Bacana, amo Bilac.



      Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.