A desesperança agarrou-me
em seus braços gélidos e incautos.
Sua fronte larga assustava-me arrebatadoramente.
Seus sussurros enlouqueciam-me os pensamentos.
Suas mãos apertaram-me
E eu deixei-me ir
Até o fundo
O fundo mais fundo do poço
Recebeu meu corpo
Ainda moço
Ainda liso
Ainda vivo
Eu chorei as crateras da insensibilidade
- Como pode um ser insensível chorar?
Despi-me das vestes inadequadas
E resvalei-me em pálidas calçadas
Fui ao fim
E pude, enfim,
Ouvir a voz
- que voz!
Clamores de outra era
Louvores ternos e sentidos
Vozes de todos os lados
De todos os olhos
De todas as cores
Vozes cheias de espanto
De desencontros
De lamúrias
De horrores
Vozes
Vozes
Ouvi-me gritar:
- Chega! Este é o fim!
E foi aí que uma doce presença
Preencheu minhas vísceras
E também minha pele
Vi-me cheia de um sentir inútil
Um sentir ilusório
Um sentir sem lógica
Vi-me nos braços dela
A esperança abraçou-me
outra vez...
Comentários3
Deixas-me, constrangidamente....
sem palavras.
A essência dessas palavras trespassam-me, quase q palpáveis.
Que voz !
Um enorme bem haja. D.
Uau! Muitíssimo honrada com a sua sensibilidade e seu olhar belo acerca das palavras e seus sentimentos. Um abraço 🙂
Simplesmente belo! Assim como o mito de Pandora a Esperança estava lá no finalzinho do segundo tempo e generosamente abraçou a persona poética deixando nela um lampejo de luz.
Boa noite a poeta,
Lindo lindo! Verdade! Muito grata por sua generosa contribuição. Um abraço 🙂
Vozes...Vozes...Vozes...quais vozes?
Admiro seu estilo poético!
Abraços poetisa.
ô meu amigo, grata por sua presença aqui. Um abraço 🙂
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.