Noi Soul

Ela está de volta

A desesperança agarrou-me

em seus braços gélidos e incautos.

Sua fronte larga assustava-me arrebatadoramente.

Seus sussurros enlouqueciam-me os pensamentos.

Suas mãos apertaram-me

E eu deixei-me ir

Até o fundo

O fundo mais fundo do poço

Recebeu meu corpo

Ainda moço

Ainda liso

Ainda vivo

Eu chorei as crateras da insensibilidade

- Como pode um ser insensível chorar?

Despi-me das vestes inadequadas

E resvalei-me em pálidas calçadas

Fui ao fim

E pude, enfim,

Ouvir a voz

- que voz!

Clamores de outra era

Louvores ternos e sentidos

Vozes de todos os lados

De todos os olhos

De todas as cores

Vozes cheias de espanto

De desencontros

De lamúrias

De horrores

Vozes

Vozes

Ouvi-me gritar:

- Chega! Este é o fim!

E foi aí que uma doce presença

Preencheu minhas vísceras

E também minha pele

Vi-me cheia de um sentir inútil

Um sentir ilusório

Um sentir sem lógica

Vi-me nos braços dela

A esperança abraçou-me

outra vez...

  • Autor: Noi Soul (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de Junho de 2021 14:57
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 26
  • Usuário favorito deste poema: Shmuel.

Comentários3

  • David lou santos

    Deixas-me, constrangidamente....
    sem palavras.
    A essência dessas palavras trespassam-me, quase q palpáveis.
    Que voz !
    Um enorme bem haja. D.

    • Noi Soul

      Uau! Muitíssimo honrada com a sua sensibilidade e seu olhar belo acerca das palavras e seus sentimentos. Um abraço 🙂

    • Shmuel

      Simplesmente belo! Assim como o mito de Pandora a Esperança estava lá no finalzinho do segundo tempo e generosamente abraçou a persona poética deixando nela um lampejo de luz.
      Boa noite a poeta,

      • Noi Soul

        Lindo lindo! Verdade! Muito grata por sua generosa contribuição. Um abraço 🙂

      • Claudio Reis

        Vozes...Vozes...Vozes...quais vozes?

        Admiro seu estilo poético!

        Abraços poetisa.

        • Noi Soul

          ô meu amigo, grata por sua presença aqui. Um abraço 🙂



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