noi soul

Ela está de volta

A desesperança agarrou-me

em seus braços gélidos e incautos.

Sua fronte larga assustava-me arrebatadoramente.

Seus sussurros enlouqueciam-me os pensamentos.

Suas mãos apertaram-me

E eu deixei-me ir

Até o fundo

O fundo mais fundo do poço

Recebeu meu corpo

Ainda moço

Ainda liso

Ainda vivo

Eu chorei as crateras da insensibilidade

- Como pode um ser insensível chorar?

Despi-me das vestes inadequadas

E resvalei-me em pálidas calçadas

Fui ao fim

E pude, enfim,

Ouvir a voz

- que voz!

Clamores de outra era

Louvores ternos e sentidos

Vozes de todos os lados

De todos os olhos

De todas as cores

Vozes cheias de espanto

De desencontros

De lamúrias

De horrores

Vozes

Vozes

Ouvi-me gritar:

- Chega! Este é o fim!

E foi aí que uma doce presença

Preencheu minhas vísceras

E também minha pele

Vi-me cheia de um sentir inútil

Um sentir ilusório

Um sentir sem lógica

Vi-me nos braços dela

A esperança abraçou-me

outra vez...