ONTEM FAZ O HOJE

Carlos Lucena

ONTEM FAZ O HOJE

Antes, eu caminhava 
E as estradas nao tinham curvas
O silêncio me aborrecia 
E eu só queria a intensidade das paixões.
E o delírio era suficiente.
Delirar era a façanha
Que o meu corpo buscava 
E buscava  forte.
Viver era lúdico.
Tudo era noite
Tudo era álcool
E o éter era o perfume mais consumido
Ah! Noites compulsivas!
Decisivas!
Hoje sou a calma de uma garça
Sou a nuvem que passa
As rugas me deram 
A leveza do vôo das gaivotas
A fortaleza do vôo dos falcões
O olho das linces 
E a retina das pombas.
Não me importa o desejo
Não me aflige 
A ausência 
Das espectativas carnais
E dos espectros viscerais   
Nas lutas corporais.
Hoje, só a brisa
Só lição
Só a calma
Da alma
De um corpo enrugado
Que o tempo não venceu
Nem consumiu
Mas ensinou
Que o ontem e o hoje
Existem
Não nos extingue
Não nos anula
Mesmo  mostrando 
Que a  imagem do espelho não é a mesma
Pois o ontem era caule, folha, flor
Mas hoje é o solo,a  raiz, a semente.

  • Autor: Carlos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de maio de 2021 04:05
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 16
Comentários +

Comentários2

  • Nelson de Medeiros

    Bom dia poeta.

    Dou cinco estrelas para o teu poema.

    1 ab

    • Carlos Lucena

      Poeta, obrigado!
      Senti sua falta por aqui!

    • Maria dorta

      Bravo! Você descreveu a terceira idade com muita pertinência e sagacidade. O gosto de mel sempre fica nos lábios!



    Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.