Amanhã, talvez

Hébron

 

 

Não acredito mais no homem
Desde todo ontem
Não acredito hoje, ainda uma vez
Acreditarei amanhã, talvez
Talvez, pois tenho esperança

 

Minha emoção é em destemperança 
A vida me mostra sensações cruéis 
A distância eu ignoro, mas está ali
Não sou tolo nesse chão, viverei e vivi
A miséria é calculada em papéis

 

São cartéis da subjugação e da fome 
Ignoram, veem números e não nomes
A riqueza da vida se garante a poucos
Da dor e da desolação, ouvidos moucos
É orquestra no mundo da indiferença  

 

Abundância, ganância, é a regência 
Uma música fria toca a alma gelada
A dor vazia de um vazio frio insano
A fria face do homem inumano
Faz do infortúnio alheio sua escalada

 

Abstendo dos sonhos pela miséria 
Da ignorância, ignoram-se a guerra
Dói a ignorância que o sonho enterra 
Os pobres coitados, a prima matéria
Tristes resignados que se consomem 
 

Não acredito mais no homem
Desde todo ontem
Não acredito hoje, ainda uma vez
Acreditarei amanhã, talvez
Talvez, pois tenho esperança

 

  • Autor: Hébron (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de maio de 2021 21:15
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 39
Comentários +

Comentários3

  • Shmuel

    Lindo, com viés triste, porém de profunda reflexão.
    Boa noite, poeta Hébron.

    • Hébron

      Shimul, sua presença me arranca um sorriso!
      É um poema fruto de uma observação da desigualdade no mundo, pela ação do egoísmo e ganância.
      Abraço, meu amigo

    • Maria dorta

      Dir- se-ia uma página de um tratado de Sociologia do humano viver, transformada com mestria num poema denu cia. Aplauso de pé!

      • Hébron

        Maria Dorta, obrigado!
        Essas questões sociais mechem com a gente.
        Abraço, poetisa

      • CORASSIS

        Pertinente reflexão!
        acreditar na nossa espécie,
        e questão de esperança e fé!
        Deus que o diga !
        chapéu , abraço amigo.

        • Hébron

          Corassis, obrigado pelo comentário!
          Precisamos refletir sobre nossa responsabilidade na desigualdade desse mundo...
          Abraço



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