Hébron

Amanhã, talvez

 

 

Não acredito mais no homem
Desde todo ontem
Não acredito hoje, ainda uma vez
Acreditarei amanhã, talvez
Talvez, pois tenho esperança

 

Minha emoção é em destemperança 
A vida me mostra sensações cruéis 
A distância eu ignoro, mas está ali
Não sou tolo nesse chão, viverei e vivi
A miséria é calculada em papéis

 

São cartéis da subjugação e da fome 
Ignoram, veem números e não nomes
A riqueza da vida se garante a poucos
Da dor e da desolação, ouvidos moucos
É orquestra no mundo da indiferença  

 

Abundância, ganância, é a regência 
Uma música fria toca a alma gelada
A dor vazia de um vazio frio insano
A fria face do homem inumano
Faz do infortúnio alheio sua escalada

 

Abstendo dos sonhos pela miséria 
Da ignorância, ignoram-se a guerra
Dói a ignorância que o sonho enterra 
Os pobres coitados, a prima matéria
Tristes resignados que se consomem 
 

Não acredito mais no homem
Desde todo ontem
Não acredito hoje, ainda uma vez
Acreditarei amanhã, talvez
Talvez, pois tenho esperança