Heras...

Heras...

Ele, fincara suas raízes no solo

Tentava parecer de ferro

Às vezes, espantava algum sonho

N’outras, vivia e queria tudo aos berros

Nunca admitira que necessitava de colo...

Ele era todo chão, Ela, não...

Ansiava por ser amada

Era alada, via em tudo a vastidão

Seu mundo, era feito de primaveras

Floria no outono, inverno ou verão...

Se encontraram, pousou naquele caule

Sentiu- lhe o bater do coração

Fez-se liana, adormecera enroscada a ele

Já não havia primavera, perdera a floração...

Não alçava mais voos, tornara-se Hera

Até perceber, sua felicidade

Era nuvem imaginária, apenas quimera

Desperta, para a triste realidade

Ele não acreditava, que ela alçaria voo novamente

Ela se desvencilha, segue a felicidade, a vive sem espera

Hoje, ela pode voar, e cuidar das sementes...

Ainda colhe flores, canta na primavera

Ema Machado

04/05/21