Danilo C. Bussolar

Eras Humano!

Dizem-me que descansas lá no brilho
Da eternidade junto ao Pai sublime.
Pois que seja; descansa, amado filho,
Deste mundo que grita e que te oprime.

 

Por mais que o mundo inteiro se concentre
Em dizer-me "essa 'coisa' nem pensava.",
Sei que foste meu filho desde o ventre;
Antes do nascimento eu já te amava.

 

Filho, que meu amor jamais se acabe;
Eu te entrego meu gládio e meu escudo.
Talvez repouses lá no céu... quem sabe?
Pois teu vulto sublime eu vejo em tudo.

 

Em terceira pessoa fala o mundo
Depois que tu partiste desta vida.
Pois meu maior amor, lindo e profundo;
Foste Tu, sementinha tão querida...

 

Desde a madre, pequeno, esse meu zelo
Foi sempre grande, puro e genuíno;
Mas morreste no útero sem vê-lo
Tendo Deus definido o teu destino.

 

E sabe, filho, eu bem te escrevo nisto
Que insiste o coração: "vá e desabafe-o!"
Amo-te, amado filho nunca visto;
Com lágrimas assino este epitáfio...

  • Autor: Qorujo (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 2 de Maio de 2021 00:42
  • Comentário do autor sobre o poema: A todos os pais e mães que perderam seus filhos nunca nascidos e que agora gozam da glória celeste nos céus.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 57

Comentários5

  • Shmuel

    Sei que foste meu filho desde o ventre;
    Antes do nascimento eu já te amava"...

    Extremamente sensível, poesia de um olhar terno sobre uma dor, que só os que gestam vidas saberão.
    Abraços ao poeta, Danilo C. Bussolar

    • Danilo C. Bussolar

      Agradeço! É uma dor que às vezes não é respeitada, abraço!

    • CORASSIS

      Parabéns !
      Belíssimo soneto, jovem poeta
      Grande talento!!!
      abraço.

    • Maximiliano Skol

      Prezado Danilo, seu poema me faz lembrar do “Cântico do Calvário” do Fagundes Varela. A sua dolorida perda foi bem documentada no seu poema.
      Um abraço.

      • Danilo C. Bussolar

        Grato! Realmente esse poema de Fagundes Varela serviu de inspiração, gosto muito dele, um abraço!

      • Eras

        Belo poema, poeta.

      • Edla Marinho

        Tenho 3 filhos e bendigo a Deus imensamente por ter confiado a mim guardar em meu ventre tão preciosas bênçãos e a responsabilidade de os fazer crescer em dignidade.

        Já vi muitas mães e pais passando por esta dor e, embora, graças a Deus, não o saber por própria experiência, sofro com eles e por eles toda vez que dessa tragédia tomo conhecimento.
        Disseste nestes versos sobre essas perdas, de forma muito sensível e comovente.
        Gostei, meu abraço!



      Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.