Dizem-me que descansas lá no brilho
Da eternidade junto ao Pai sublime.
Pois que seja; descansa, amado filho,
Deste mundo que grita e que te oprime.
Por mais que o mundo inteiro se concentre
Em dizer-me "essa 'coisa' nem pensava.",
Sei que foste meu filho desde o ventre;
Antes do nascimento eu já te amava.
Filho, que meu amor jamais se acabe;
Eu te entrego meu gládio e meu escudo.
Talvez repouses lá no céu... quem sabe?
Pois teu vulto sublime eu vejo em tudo.
Em terceira pessoa fala o mundo
Depois que tu partiste desta vida.
Pois meu maior amor, lindo e profundo;
Foste Tu, sementinha tão querida...
Desde a madre, pequeno, esse meu zelo
Foi sempre grande, puro e genuíno;
Mas morreste no útero sem vê-lo
Tendo Deus definido o teu destino.
E sabe, filho, eu bem te escrevo nisto
Que insiste o coração: "vá e desabafe-o!"
Amo-te, amado filho nunca visto;
Com lágrimas assino este epitáfio...
- Autor: Qorujo (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 2 de maio de 2021 00:42
- Comentário do autor sobre o poema: A todos os pais e mães que perderam seus filhos nunca nascidos e que agora gozam da glória celeste nos céus.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 57
Comentários5
Sei que foste meu filho desde o ventre;
Antes do nascimento eu já te amava"...
Extremamente sensível, poesia de um olhar terno sobre uma dor, que só os que gestam vidas saberão.
Abraços ao poeta, Danilo C. Bussolar
Agradeço! É uma dor que às vezes não é respeitada, abraço!
Parabéns !
Belíssimo soneto, jovem poeta
Grande talento!!!
abraço.
Muito obrigado!
Prezado Danilo, seu poema me faz lembrar do “Cântico do Calvário” do Fagundes Varela. A sua dolorida perda foi bem documentada no seu poema.
Um abraço.
Grato! Realmente esse poema de Fagundes Varela serviu de inspiração, gosto muito dele, um abraço!
Belo poema, poeta.
Obrigado.
Tenho 3 filhos e bendigo a Deus imensamente por ter confiado a mim guardar em meu ventre tão preciosas bênçãos e a responsabilidade de os fazer crescer em dignidade.
Já vi muitas mães e pais passando por esta dor e, embora, graças a Deus, não o saber por própria experiência, sofro com eles e por eles toda vez que dessa tragédia tomo conhecimento.
Disseste nestes versos sobre essas perdas, de forma muito sensível e comovente.
Gostei, meu abraço!
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