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Após a tempestade...
A madrugada esquálida, paria o dia
E eu ali, a postos, assistia
Cheirava ao ontem que se desfazia
Ainda pairava, no horizonte despreocupado
Trazia marcas de tempestuosas águas
Tentativa vã por encontrar chão, que lhes dessem guarida
Devastavam tudo, arrancavam vidas...
Arrastaram meus ouvidos pela noite
Um açoite ao sono, como o ontem, despediu-se sem trégua
Ainda ouço, mergulhei a alma na dor do sem teto
Não havia proteção o bastante, para o dilúvio que caía
Felinos soltavam o cio, em soturnas melodias
E eu ali, combalida assistia...
O dia nasceu, cheio de dor e pranto
A mãe se fora, sem despedida
Deixando-o, a mercê do tempo
Chamava-o para a viagem das horas
Onde cresceria... Morreria... O sol reluzia...
Será que ainda choveria?
Ema Machado
- Autor: Ema Machado (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 25 de fevereiro de 2021 17:59
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 31
Comentários4
Muito me chama a atenção à cena... Muitas vezes repetida, infelizmente.
O poema é de muita profundidade e tocante.
A música, excelente!!
Boa noite, querida Ema, meu abraço!
A cena foi real, um dos plantões, rs. Rendeu um poema, não é? Gratidão, querida. Grande abraço,
O poema é de beleza surreal e trata o tema com profundidade e comoção. Tem nuances de mistério mas traz a concretude da crueza da vida. O coroamento musical é a cereja a degustar! Aplausos!
A tempestade passou, e no findar do dia restou uma bela melodia. Lindo poema, aplausos Ema Machado. Que o dia continue lindo! Abraços.
"O dia nasceu, cheio de dor e pranto"
Ruim acordar num dia assim. Ou acordar co. Esperanças de um dia melhor, e deparar com novas perdas. Dramaticidade em teus poemas, dos quais ninguém está imune. Nos resta lutar e fazer mudar a situação. Abraços fraternos poeta Emarilaine
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