Ema Machado

Após a tempestade...

Após a tempestade...

 

A madrugada esquálida, paria o dia

E eu ali, a postos, assistia

Cheirava ao ontem que se desfazia

Ainda pairava, no horizonte despreocupado

Trazia marcas de tempestuosas águas

Tentativa vã por encontrar chão, que lhes dessem guarida

Devastavam tudo, arrancavam vidas...

Arrastaram meus ouvidos pela noite

Um açoite ao sono, como o ontem, despediu-se sem trégua

Ainda ouço, mergulhei a alma na dor do sem teto

Não havia proteção o bastante, para o dilúvio que caía

Felinos soltavam o cio, em soturnas melodias

E eu ali, combalida assistia...

O dia nasceu, cheio de dor e pranto

A mãe se fora, sem despedida

Deixando-o, a mercê do tempo

Chamava-o para a viagem das horas

Onde cresceria... Morreria... O sol reluzia...

Será que ainda choveria?

Ema Machado