Despe-me o chão

Hébron

 

...

Despe-me o chão

Leves passos desde que eu tinha idade

Meus rastros altaneiros me perdem ao vento

Não sou o pássaro que corta afiado o céu

Mas sou a vastidão do voo em liberdade

Mais ao alto sou um astro no firmamento

Mas distante dos vazios ídolos de barro

Tocar a plenitude da possibilidade é raro

Seria a chave que decifra o enigma do impossível

Desvendando segredos do imponderável

A idolatria se dissolve rarefeita e a fugacidade se dissipa igual bruma ao ressurgir do sol

Tal qual para a água do rio o mar é o trespassar do véu

As dimensões da existência são o descortinar do meu quintal

Sou do pó da estrela que se apagou

E sou a eternidade da expansão sideral

E sou ainda como o grão de areia que no deserto não existe diante da infinitude

Sou a minúscula gota do divino oceano astral

Sou filho da sabedoria infinita

Minha criatividade é perfume que não se contém em frasco

Mas a insignificância é o próprio frasco da contenção do que é limitado

A resposta encontra-se sempre liberta

Meus rastros altaneiros me perdem ao vento

Leves passos desde que eu tinha idade

Despe-me o chão

...

 

 

 

  • Autor: Hébron (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de fevereiro de 2021 10:40
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 30
Comentários +

Comentários3

  • Maria dorta

    Altas doses de filosofia e sabedoria tudo junto embrulhado numa harmonia e criação poética. Bravos poeta! Chapéu!

    • Hébron

      Esse afago em forma de comentário é muito gratificante!
      Obrigado, Maria Dorta

    • Ema Machado

      Uma belíssima criação transcendental, Hébron. De uma soberana profundidade. Aplausos a ti,
      Grande abraço,

      • Hébron

        Ema, lembra de um recente comentário que fiz em seu poema \"Veste-me o céu\"?
        Foi ali o início da gestação desse meu poema, "Despe-me o chão".
        E é uma alegria vc ter gostado!
        Abraço

        • Ema Machado

          Que bom! É assim mesmo, uma inspiração puxa outra... Abraços,

        • Elfrans Silva

          Somos, sim, como grão de areia. Nada se comparado a vastidão do universo. Mas como o grão de areia, banhados, suavemente ou tempestivamente,
          Renovados no nosso habitat.
          Abraços meu poeta. Felicidades



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