Hébron

Despe-me o chão

 

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Despe-me o chão

Leves passos desde que eu tinha idade

Meus rastros altaneiros me perdem ao vento

Não sou o pássaro que corta afiado o céu

Mas sou a vastidão do voo em liberdade

Mais ao alto sou um astro no firmamento

Mas distante dos vazios ídolos de barro

Tocar a plenitude da possibilidade é raro

Seria a chave que decifra o enigma do impossível

Desvendando segredos do imponderável

A idolatria se dissolve rarefeita e a fugacidade se dissipa igual bruma ao ressurgir do sol

Tal qual para a água do rio o mar é o trespassar do véu

As dimensões da existência são o descortinar do meu quintal

Sou do pó da estrela que se apagou

E sou a eternidade da expansão sideral

E sou ainda como o grão de areia que no deserto não existe diante da infinitude

Sou a minúscula gota do divino oceano astral

Sou filho da sabedoria infinita

Minha criatividade é perfume que não se contém em frasco

Mas a insignificância é o próprio frasco da contenção do que é limitado

A resposta encontra-se sempre liberta

Meus rastros altaneiros me perdem ao vento

Leves passos desde que eu tinha idade

Despe-me o chão

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