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Despe-me o chão
Leves passos desde que eu tinha idade
Meus rastros altaneiros me perdem ao vento
Não sou o pássaro que corta afiado o céu
Mas sou a vastidão do voo em liberdade
Mais ao alto sou um astro no firmamento
Mas distante dos vazios ídolos de barro
Tocar a plenitude da possibilidade é raro
Seria a chave que decifra o enigma do impossível
Desvendando segredos do imponderável
A idolatria se dissolve rarefeita e a fugacidade se dissipa igual bruma ao ressurgir do sol
Tal qual para a água do rio o mar é o trespassar do véu
As dimensões da existência são o descortinar do meu quintal
Sou do pó da estrela que se apagou
E sou a eternidade da expansão sideral
E sou ainda como o grão de areia que no deserto não existe diante da infinitude
Sou a minúscula gota do divino oceano astral
Sou filho da sabedoria infinita
Minha criatividade é perfume que não se contém em frasco
Mas a insignificância é o próprio frasco da contenção do que é limitado
A resposta encontra-se sempre liberta
Meus rastros altaneiros me perdem ao vento
Leves passos desde que eu tinha idade
Despe-me o chão
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