Helio Valim

Caixa de repique calada

 

Sem confete e serpentina

o carnaval não reanima,

tal qual Pierrô,

sem sua Colombina...

 

Nem pintou na paisagem

o bloco da esperança.

Com muita perseverança

passou, apenas, como miragem.

 

Com a caixa de repique calada

o surdo chorou pelo absurdo

de não ouvir a batucada

de nenhum bloco de sujo.

 

A avenida ficou silenciosa e baldia,

sem o som da bateria,

sem o desfile da alegoria.

Apenas se ouviu o murmúrio da agonia...

 

Triste festa de entrudo

onde a alegria deu lugar ao luto,

onde a folia e a picardia

não afugentaram a pandemia.

  • Autor: Helio Valim (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de Fevereiro de 2021 18:45
  • Comentário do autor sobre o poema: Foto do acervo de PRISCILA ARROCHELLAS FOTOGRAFIA @priscilaarrochellasfotografia
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 13

Comentários4

  • Hébron

    Uma antifolia do desencanto!
    Uma poesia da realidade...
    Abraço, meu amigo

    • Helio Valim

      Caro Hébron, obrigado pelo comentário. Perfeita síntese poética: "Uma antifolia do desencanto!". Um grande abraço, meu amigo

    • Chico Lino

      "Você merece, você merece / tudo vai bem, tudo legal / cerveja, samba / e amanhã seu Zé / se acabarem com seu Carnaval?", profetizava Gonzaguinha, em "Comportamento Geral", de 1973...

      Na Marquês de Sapucaí
      Não se ouviu canção
      Numa nesga de alegria,
      apoteótica vacinação...

      "Todo mundo entendeu
      Quando Zelão chorou
      Ninguém riu, nem brincou
      E era Carnaval..."

      "Vai passar
      nessa avenida
      um samba popular
      cada paralelepípedo dessa cidade vai se arrepiar..."

      Vai passar, Poeta Valim

      • Helio Valim

        Olá Chico Lino. Obrigado pelo comentário e parabéns pelas referências. Um grande abraço, meu amigo

      • Cecilia

        Gostei, Hélio. Até quem não é carnavalesco sentiufalta dos, repiques e da alegria dessa festa.

        • Helio Valim

          Olá Cecília. Obrigado pelo comentário. Certamente, estamos precisando da "alegria momesca", mas sem o bloco do coronavírus. Um grande abraço.

        • Cecilia

          Gostei, Hélio. Até quem não é carnavalesco sentiu falta dos, repiques e da alegria dessa festa.



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