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Helio Valim

Caixa de repique calada

 

Sem confete e serpentina

o carnaval não reanima,

tal qual Pierrô,

sem sua Colombina...

 

Nem pintou na paisagem

o bloco da esperança.

Com muita perseverança

passou, apenas, como miragem.

 

Com a caixa de repique calada

o surdo chorou pelo absurdo

de não ouvir a batucada

de nenhum bloco de sujo.

 

A avenida ficou silenciosa e baldia,

sem o som da bateria,

sem o desfile da alegoria.

Apenas se ouviu o murmúrio da agonia...

 

Triste festa de entrudo

onde a alegria deu lugar ao luto,

onde a folia e a picardia

não afugentaram a pandemia.