Hébron

Quando escrevo

 

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Quando escrevo, escrevo o vazio, a fria palavra sem estação, muda, sem leitura, em carência de entendimento, crua de acalanto

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Quando escrevo, escrevo o pranto, o chão franzido carente de passos, a devastação da alma, a severidade do açoite

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Quando escrevo, escrevo a noite, a dose de esquecimento no copo, o abandono repentino, a madrugada sem alvorada

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Quando escrevo, escrevo a mordaça, o olho insípido, a voz sem paladar, o céu sem lucidez, o ânimo da calamidade

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Quando escrevo, escrevo a tempestade, o dilúvio do devaneio, o colostro do seio, o sal de todo mar em ressaca do meu cio

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Quando escrevo, escrevo o vazio, a fria palavra sem estação, muda, sem leitura, em carência de entendimento, crua de acalanto
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  • Autor: Hébron (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de Fevereiro de 2021 19:58
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 21

Comentários6

  • Helio Valim

    Belo ensaio poético, excelente composição, muito harmônica. Mensagem forte, crua e, infelizmente, atual. Um grande abraço, Hébron.

    • Hébron

      A atmosfera que nos envolve foi a inspiração...
      Obrigado, meu amigo, é muito gratificante sua atenção e comentário.
      Grande abraço, meu caro Helio

    • Shmuel

      Expressa sem reservas os sentimentos de uma escrita sem reservas e verdadeira.
      Boa noite ao amigo.

      • Hébron

        Obrigado, meu caríssimo amigo Shimul!
        Os sentimentos da inspiração muitas vezes não são a alegria ou o amor...
        As observações da aflição do nosso tempo motivaram as palavras.
        Abraço

      • Edla Marinho

        Quando escreves, pões em versos teus sentimentos e nos presenteias com uma bela leitura, amigo Hébron!
        Sou fã, meu abraço!

        • Hébron

          Muito obrigado pelo carinho, Edla!
          Seu comentário me deixa muito contente.
          Abraço

        • Elfrans Silva

          Importante ser autêntico. Marca registrada dos homens de boa indole.
          Abraço poeta Hébron. Excelente noite pra você.

          • Hébron

            Grande Elfrans!
            Muito obrigado por sua presença.
            Grande abraço, meu amigo

          • Cecilia

            Hébron, li muitas vêzes seu poema, bonito e inquietante. Algumas de suas descobertas poéticas me agradaram muito. Cito as que me inquietaram mais: "a fria palavra..........sem leitura"
            "o chão.............carente de passos", "a dose de esquecimento no copo".
            Boa poesia é a que desassossega o leitor. Bravo! Obrigada. Grande abraço.

            • Hébron

              Muito obrigado, Cecilia, por tão generosas considerações, fico muitíssimo feliz com o valor que sentiu da leitura.
              É muito gratificante para mim o seu comentário, dá uma sensação de realização, é motivador e é um afago gracioso.
              Uma alegria!
              Grande abraço

            • Ernane Bernardo

              Belo poema que remete a tristeza, teu poema esbanjou harmonia e beleza. Bravo poeta Hébron, abraço.

              • Hébron

                Muito obrigado, Ernane!
                Sua presença é sempre um incentivo.
                Abraço



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