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Quando escrevo, escrevo o vazio, a fria palavra sem estação, muda, sem leitura, em carência de entendimento, crua de acalanto
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Quando escrevo, escrevo o pranto, o chão franzido carente de passos, a devastação da alma, a severidade do açoite
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Quando escrevo, escrevo a noite, a dose de esquecimento no copo, o abandono repentino, a madrugada sem alvorada
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Quando escrevo, escrevo a mordaça, o olho insípido, a voz sem paladar, o céu sem lucidez, o ânimo da calamidade
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Quando escrevo, escrevo a tempestade, o dilúvio do devaneio, o colostro do seio, o sal de todo mar em ressaca do meu cio
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Quando escrevo, escrevo o vazio, a fria palavra sem estação, muda, sem leitura, em carência de entendimento, crua de acalanto
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