Lidia Lorena

Mal Dito

Se não posso viver o que quero, pelo menos escrevo como se vivesse. Cada linha um sonho não realizado, uma utopia mal pensada e um desespero em saber que bem lá no fundo essa falsa realidade me aperta. Fico sem ar. Fumo um cigarro e volto a imaginar uma alegria qualquer, que me chega ao pensamento como droga mal consumida, mal embalada, satisfação com data vencida.   Escrevo porque é impossível morar na realidade então, minha cabeça constrói um prazer que eu aspiro com desespero e quando acaba, tudo volta a não fazer sentido. Isso quando não não me amparo nos pensamentos obscuros persistentes: imagino mil e uma situações miseráveis onde meu ser é magoado, infernizado, destruído, humilhado, sem dó, nem piedade. As lágrimas escorrem e me sinto novamente inconsciente, completamente dependente desse falso sentimento de angústia, que plantei com a pior das intenções, que é fugir da realidade, nem tão ruim assim, a que sou merecedor.

  • Autor: Lidia Lorena (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de Dezembro de 2020 14:52
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 15
  • Usuário favorito deste poema: Lidia Lorena.

Comentários2

  • Shmuel

    Bom esse recurso da escrita para escapar desta dura realidade. Gostei do poema, minha cara poeta. Este é o caminho.
    Abraços,

  • Maria dorta

    Ainda bem que você acaba.por reconhecer que não é merecedor de tanta sofrencia! Meio caminho andado , a outra metade é transformar a dor sofrida em...poesia é se liberar da dor. Aplausos!



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