Os dentes apodrecidos que hoje me tiram o sono.
Qual cão uivando e sofrendo em total e brutal abandono.
Que no “Eos” de minha vida em alvura cintilavam.
Eram rígidas peças de marfim que em profusão brilhavam.
Trinta e duas lindas estrelas vaidosamente agrupadas.
Dispostas em harmonia em mais que perfeita arcada.
Que se abriam em arco-íris, ostentadas em sorrisos.
De molares, pré-molares, incisivos, caninos e sisos.
Sem uma nódoa sequer, sem traços de imperfeição.
Mais belos que ornamentos de escultural compleição.
Bêbado de tanto orgulho, não vi que o tempo passava.
Que na rede do engano meu sono febril embalava.
Tolo, não soube cuidar, tratar tamanha pureza.
Indigno de ostentar tão pura e nobre riqueza.
Não percebi que o preço logo me seria cobrado.
Por desdenhar loucamente do tesouro ofertado.
Portanto quando acordei, do sono da ilusão.
O espelho da vaidade quebrou-se de supetão.
Da fútil ostentação a um presente apodrecido.
O que ontem foi estrela hoje é carvão enegrecido.
- Autor: Victor Severo ( Offline)
- Publicado: 17 de dezembro de 2020 07:56
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 10
Comentários2
Belo poema com tons de nostalgia mas cheio de engenho e arte. Na vida incerta às vezes,até os dentes desertam. Mas,tudo se conserta. E viva seu dom.
Grato cara colega.
Amei!
Valeu, ótimo que tenhas gostado.
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