Encontrei uma palavra escrita no muro, talvez escrita num dia escuro, grafia trêmula, sem técnica, singular. Não sei se por medo da noite, da dor ou do açoite que fazem chorar, aquela palavra por si só, dizia tudo, era singular.

Não sei se era um grito no escuro, uma afronta ao muro, uma rebelião contra o sistema, mas aquela palavra, aquele fonema representava um tratado, uma tese ou um lado que insistia em lutar.

Uma palavra sozinha que gritava em silêncio, ninguém passava por ali sem observar, talvez comentar, poderia não entender o significado, sim, era singular, de grafia muito simples, mas fazia pensar.

Um muro tão grande, que às vezes expande as diferenças sociais, mas também era um quadro perfeito, bastava o sujeito disposto a grafar, colocar na parede palavras em preto e branco e muitas vezes o pranto poder desenhar.

Uma palavra no muro, poesia ou protesto, apenas um gesto que alguém ousou pintar, um texto singelo, em tom amarelo, significado tão belo, singular.

Todos os dias quando passo por ali, não raro eu juro, dia desses também vou pintar, descrever o que sinto, tirar do papel e no muro desenhar, palavras e flores, poemas e cores que ouso pensar.

E antes que eu esqueça, a palavra no muro talvez você conheça, singular, pequena e não sai da cabeça, composta de quatro letras, sem mistério ou significado diverso, singular, é a palavra amar.

 

Jose Fernando Pinto