Fragilidades

Talita Lima

 

Tenho hálito de nicotina,
Borboletas no estômago,
As vezes, mariposas...
Quando penso estar perdendo, derrubo um muro de concreto a ponta- pés... Ou derrubo uma montanha com silêncio. Me recuo como ostra, e na maioria das vezes, silenciosamente crio uma pérola negra.
Sou grande nas derrotas e nunca me acho capaz de encontrar vitórias... Se asas eu tivesse, voaria baixo, tamanho é o meu medo de altura...
No amor sempre perco... Acho um jogo difícil, não sei nada sobre estratégias... Apenas vivo aquilo que imagino ser bom para o outro, embora sempre eu meta os pés pelas mãos... Tenho ciúmes da sombra e do que assombra... Não sei lidar com concorrência, e sempre, sempre retiro minhas cartas do jogo, pelo medo da perda... Talvez eu perca de vez... E penso que dói menos, ou dói de uma vez só...
Sou prolixa, mas também sou inerte nas palavras, e quando meus olhos cansam de ver a mesma coisa, prefiro a escuridão... Lá dentro me encontro comigo mesma, me reconheço de volta... E as mariposas podem sair e voar em liberdade.
Só eu escuto a minha alma com a exatidão que ela precisa... E não adianta os gritos, nem o vinco na testa... Quando o silêncio toma conta de mim, maquiavelicamente, eu busco alternativas de autocontrole... Ainda assim, me escapam algumas rosas da boca... Mas o cheiro, sempre nicotina.

Talita Lima.

  • Autor: Talita Lima (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de dezembro de 2020 13:42
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 32
Comentários +

Comentários2

  • Maria dorta

    Um belo,incomum poema, com imagens singulares e ricas metáforas. No seu grito há música que desperta o torpor da alma.

    • Talita Lima

      Fico lisonjeada com esse elogio. Muito obrigada.

    • @(ND)

      lindaaaa, onde aplaude 1000 vezes, amei poeta Talita, gratidão pela partilha...



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