NO
AO DESGRAÇADO AMOR MEU
Satisfação: prazer mutuo
em corpos nus se revela a beleza
que da mais pura clareza
se conduz ao mais profundo abismo.
Ao desgraçado amor meu dirijo todas as minhas falas
e na minh'alma sinto as espadas agudas entrelaçarem-me todo o corpo
que num desgosto se vê lançado em desassossego
chegando devagarinho em seu real estado e lugar: infernus.
Da terra ao céu pode-se enxergar o quão distante se está do mais puro amor:
sentimento lindo que jamais gera dor.
Da terra ao céu pode-se reviver as mais belas experiências
tidas em tempos de vida plena nas consciências.
Insatisfação: desprazer mutuo
em corpos vestidos se revela a vergonha
que da mais pura escuridão
se conduz ao mais profundo sono em sua cama.
Ao desgraçado amor meu dirijo todos os meus olhares
e dentro de mim sinto todos os meus eus gritarem embebedados pelo líquido que deixou
por quem um dia os amou e que em decepção os lançou
chegando devagarinho em seu real estado e lugar: infernus.
É chegado o tempo do jardim
ser regado com o líquido do prazer
para outra vida nascer
e seguir longe do seu túmulo revestido em carmim
para de longe ser notada,
e seguir sendo amada
dando voltas em seu próprio mundo
tentando vencer esse amor desgraçado.
Num ciclo inevitável
de pessoas reais
completamente incapazes
de vivenciarem o amor real.
Realidade que esvazia
uma noite que já estava fria
por tantas desilusões
assombrando os corações.
Corações rebeldes
que insistem em tentar amar,
lutar, suar, chegar onde nem eles mesmos
conseguem perceber que por mais que tentem evitar sempre serão “corações sofridos”.
Ao desgraçado amor meu dirijo toda a minha atenção,
que com o coração na mão
permaneço a tentar lutar, suar
para, assim, chegar onde sempre pensei ser o meu lugar: caelum.
É chegado o tempo de mudança,
que do céu a mais pura alma canta
anunciando a conversão do que lá chegara,
que de amor desgraçado pureza se tornara.
Em ti: caelum!
Em mim: infernus!
Convertamo-nos, pois, à pureza presente logo acima de nós dois,
e nos tornemos um só coração para seguirmos purificando o desgraçado amor nosso.
- Autor: CASAVERDE (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 30 de novembro de 2020 20:39
- Comentário do autor sobre o poema: Uma forma muito particular de entender o amor: metafísica!
- Categoria: Amor
- Visualizações: 31
Comentários3
"Ao desgraçado Amor meu" cada um tem o seu... entre caelum e infernus! Parabéns pelo poema... gostei.
Obrigado, nobre Rosangela Rodrigues O.. Sigamos, pois, poetizando sempre.
Amor,tao decantado amor. Leva ao céu mas,às vezes,empurra- nos inferno adentro. Que aprendamos poeta, a administrar esse fogo que nos queima e arde sem se ver...diminuindo assim nosso sofrer. Valeu a inspiração,não é?
Obrigado, Maria Dorta.
A poesia é, de verdade, incrível!
E que seja "ETERNO " enquanto dure...
Belo. ..
É bem isso mesmo Lucita: falar (e vivenciar) de (o) amor é estar dentro de uma "eternidade" paralela à realidade de cada um de nós e termos o direito de tornar tudo muito mais simples para conseguirmos algumas felicidades nessas nossas vidas tão conturbadas.
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