Alexandre Silva

AO DESGRAÇADO AMOR MEU

 

AO DESGRAÇADO AMOR MEU

 

Satisfação: prazer mutuo

em corpos nus se revela a beleza

que da mais pura clareza

se conduz ao mais profundo abismo.

 

Ao desgraçado amor meu dirijo todas as minhas falas

e na minh\'alma sinto as espadas agudas entrelaçarem-me todo o corpo

que num desgosto se vê lançado em desassossego

chegando devagarinho em seu real estado e lugar: infernus.

 

Da terra ao céu pode-se enxergar o quão distante se está do mais puro amor:

sentimento lindo que jamais gera dor.

Da terra ao céu pode-se reviver as mais belas experiências

tidas em tempos de vida plena nas consciências.

 

Insatisfação: desprazer mutuo

em corpos vestidos se revela a vergonha

que da mais pura escuridão

se conduz ao mais profundo sono em sua cama.

 

Ao desgraçado amor meu dirijo todos os meus olhares

e dentro de mim sinto todos os meus eus gritarem embebedados pelo líquido que deixou

por quem um dia os amou e que em decepção os lançou

chegando devagarinho em seu real estado e lugar: infernus.

 

É chegado o tempo do jardim

ser regado com o líquido do prazer

para outra vida nascer

e seguir longe do seu túmulo revestido em carmim

 

para de longe ser notada,

e seguir sendo amada

dando voltas em seu próprio mundo

tentando vencer esse amor desgraçado.

 

Num ciclo inevitável

de pessoas reais

completamente incapazes

de vivenciarem o amor real.

 

Realidade que esvazia

uma noite que já estava fria

por tantas desilusões

assombrando os corações.

 

Corações rebeldes

que insistem em tentar amar,

lutar, suar, chegar onde nem eles mesmos

conseguem perceber que por mais que tentem evitar sempre serão “corações sofridos”.

 

Ao desgraçado amor meu dirijo toda a minha atenção,

que com o coração na mão

permaneço a tentar lutar, suar

para, assim, chegar onde sempre pensei ser o meu lugar: caelum.

 

É chegado o tempo de mudança,

que do céu a mais pura alma canta

anunciando a conversão do que lá chegara,

que de amor desgraçado pureza se tornara.

 

Em ti: caelum!

Em mim: infernus!

Convertamo-nos, pois, à pureza presente logo acima de nós dois,

e nos tornemos um só coração para seguirmos purificando o desgraçado amor nosso.