Marcellus Augusto

Um poema que não tinha título

Tenho me sentido inútil esses dias, 

Estou com vergonha do que sou

Angustiado por dentro, 

Inquieto por fora, 

Cheio de tédio, medo e mágoa, 

Não sabendo o que vou fazer no futuro. 

Tenho a sensação que falhei no meu caminho, 

Não tenho nenhum conhecimento que posso me orgulhar, 

Nenhuma conquista para me gloriar, 

Nenhuma presença para me aquecer, 

Nenhuma beleza para contemplar, 

Nenhuma virtude para cultivar, 

Nenhuma história para contar,

Nenhuma batalha para lutar. 

Estou perdido na madrugada

Escondido nos meus vícios, 

Com muito aperto no meu coração, 

Se antes eu tinha dúvida das minhas faltas, agora tenho certeza, 

Se senti que fui desprezado, agora estou certo como o amanhã que nascerá;

Não existe nada que possa mudar minha situação, 

Passo o tempo mais triste do que alegre, 

Mais sonhando do que vivendo, 

Mais pensando do que agindo,

Mais desejando do que cumprindo. 

Dentro da minha dor, 

Finjo que sou um bom poeta, 

E crio os meus poemas com muita dificuldade, 

Porque sou fraco na lírica;

Com muito constrangimento, 

Porque não tenho talento, 

E com muita vergonha, 

Porque tenho medo de expôr quem sou, 

Ou seja, pobre, sem talento e fraco de qualidades. 

A minha mágoa é que não sou nada, 

Se eu fosse alguma coisa, 

Ainda que não fosse boa, eu já me daria como satisfeito, 

Mas não sei, 

Não me conheço, 

Não me entendo, 

Não consigo discernir as minhas próprias dores, 

Não consigo controlar as minhas paixões, 

Não consigo amar quem devia amar, 

Não consigo parar de me machucar, 

Tudo é pesado e doloroso. 

As minhas questões um psicólogo não daria conta,

Descobrir quem sou, talvez um mapa astral me responda,

Ou talvez eu só esteja entrando em superstições para me descobrir, 

Não sei,

Não consigo me responder, 

Se você me perguntar onde se encontra o supermercado, eu direi; 

Se você me perguntar algo da história, eu responderei; 

Se você me pedir explicações sobre fillsofia, serei o seu mestre; 

Ou se você é amante da espiritualidade, serei o seu sacerdote; 

Mas eu não saberei responder quem sou, 

Não saberei dizer o que quero, 

Ou qual a finalidade da minha vida,

Muito menos que tipo de mulher procuro, 

Ou que tipo de amizade cultivo nesses tempos difíceis. 

Sinto-me só, como se tivesse no deserto, mesmo vivendo no Oásis,

Com medo da escuridão, mesmo com a luz acessa, 

Medo do frio, ainda que esteja calor,

Medo de não ser bom, ainda que eu tenha certeza disso. 

 

  • Autor: Místico (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 19 de Novembro de 2020 01:26
  • Comentário do autor sobre o poema: Só como me sinto mesmo, não tenho muito do que me orgulhar, mas escrevo ainda que todos os meus poemas sejam ruins.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 11

Comentários3

  • Shmuel

    Real e sofrido, mas íntegro pelas verdades contidas no texto.
    Grande, poeta, fizeste uma oração, soa como um apelo aos deuses.
    Bravo, siga em frente, poeta.

    • Marcellus Augusto

      Duro, mas só consigo me encontrar nas minhas pobres palavras, é difícil, mas vou caminhando.

    • Mafe

      Querido peregrino, seu belo poema fez com que lagrimas rolassem pelo meu rosto, eu também me sinto assim sem saber quem sou . O terror de me olhar no espelho e não me reconhecer, não entender a mim mesma.
      Você colocou em palavras a tormenta que sente.
      Você possui mais de mil qualidades mesmo que não saiba, mesmo que não as veja. Acredito que um dia conseguira vencer essa luta em seu interior. E entendera o grande valor que possui !
      Até lá , continue lutando e não desista , um dia será recompensado por tudo que passou e ainda passa .

      • Marcellus Augusto

        Obrigado, Seja bem-vinda, fico feliz pelo poema te tocar, ele é forte, acredito que tocará em outros, continue aqui, sua presença é nova, mas quero que ela continue e fique.

      • @(ND)

        Vou de encontro com o comentário do Shimul, um apelo ao seu próprio interior, Tua poesia Peregrino Anônimo , foi teu próprio Terapeuta, Teu psicólogo e teu conselheiro, parábens descreveu também sentimentos que está em todo ser humano , as incertezas da vida... Cultive a vida, tenha fé e lute, ainda que seja díficil... Paz e bem poeta!

        • @(ND)

          Obrigada, Peregrino, Deus o abençoe!

          • Marcellus Augusto

            Obrigado pelas suas belas palavras. Deu uma pane aqui, apaguei meu comentário sem querer, mas como você já leu, tá tudo bem kkk



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