entre as quatro paredes de meu quarto,
estou envolvido por um pano,
branco e translucido,
pelo qual apenas observo as janelas dos grandes apartamentos.
vezes acessos de paixões intermitentes
ou apagados por jovens medicados.
cada janela, abriga uma casa
e nesta casa, abriga o que?
Culpa,
eu ainda não entendi completamente,
culpa.
será que, é simplesmente mais um sentimento?
de modo algum,
talvez seja enfermo contagioso
que está além de calmantes e controlados.
Sinto culpa, mas não posso.
sei que meu peito arde
e minha garganta sangra.
Mas, não posso.
culpa, não cabe perdão,
talvez,
tamanho seja o desdém
que nem a própria solidão me acompanhará.
vem do peito,
atravessa as minhas córneas e refrata nos teus olhos,
ah, não há maior compaixão do que dois culpados
que entendem como errar.
Digo, cometeram erros ao pensar que tudo não cabe ao erro.
que penas, são leves contra intimistas,
mas estrondosas contra os vilipendiados errantes.
não venho por ventura,
explicar algo,
de modo que minha presença
não é nada além da sua presença com medo do mundo.
não fouja das cortinas transparentes, feito véu dos anjos.
nós, somos o que devemos não ser,
afinal, queres mesmo entender tudo?
por culpa minha,
entendemos o erro, e assim
a culpa. Mas não chore,
de modo algum, não chore.
eu ainda não sei entender as lágrimas sinceras
e culpadas dos amantes desesperados.
Quero ainda, entender os olhos,
que tanto tentei explicar e reformular
mas, eu não sei.
o que dizem os meus olhos quando vestem-se de choro?
creio que não dizem nada além de súplicas de ternura.
para ti, minha última fonte de paz,
de certo, ainda estou longe de conhecer-te ao todo,
para enfim, conhecer teus olhos.
Caso, eu insista, e repita que não,
devo morrer sem entender
preciso forçar-me a esconder todas as dúvidas que você me deu,
sem ao menos, ouvir respostas que pedem explicações,
pois não entendo.
Não entendo,
de modo algum entendo,
lembro-me de meu pai dizendo:
-saiba que nunca irá além de suas mentiras
nem ao menos, conhecerá tua carne por completo
com esse manto azul à te envolver.
filho meu,
és anjo, mas ainda não entende o que és.
não chores tão cedo,
incremente o choro com pedras
e faça teu oceano.
Epifania,
vejo os peixes voando ao meu lado,
saltitando às ondinhas que quebram.
voem peixinhos,
voem para longe dos homens
aprofundem-se até a luz do sol ou da sabedoria dormir.
Sejam, e simplesmente sejam
Martírios,
Mentiras
Ou escuridão.
Uma ode ao fim de minha alma.
- Autor: Tambaú (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 9 de novembro de 2020 21:30
- Comentário do autor sobre o poema: Existem erros? ou todo erro é justificável pela perspectiva do errante? Bom, chega de relativizações.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 19
Comentários4
Parabéns !belo poema
Seja bem vindo
muito obrigado, dei uma olhada no seu perfil e gostei bastante!
Lindo poema. Gostei muito. Parabéns.
fico feliz que tenha gostado 🙂
Denso, robusto e sensível. Um Belo passeio de domingo no parque, Deixando a mercê, a culpa e o erro. Ambos, os sentimentos se alternam no dorso dos peixinhos voadores.
Bem-vindo, poeta,
Tambaú.
Muito obrigado, amigo
A mente do poeta é mesmo uma incógnita...
Parabéns pelo belíssimo poema!
haha eu aindo estou tentando me entender. Obrigado, lucita!
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