Um acinte
Crueldade em requinte
Acolhe-se o engano
Em um perjúrio profano
Escusa-se
Perdoe-me a imprudência
Engula minha indecência
Mero alívio de minha lubricidade
A sua queixa é vaidade
Perdoe-me a negligência
Minha imoralidade em tangência
Tolere minha luxúria
Minha mácula de incúria
Ignoro seu não-querer
Só importa-me o prazer
Se você ficou passiva
Sua silhueta lasciva
Ficou sob meu poder
Suas belas curvas sensuais
Para instintos animais
Estupra-se, gritos
Escusa-me, gritos
Mas digo que foi sem intenção
Apenas satisfiz meu tesão
Sua dignidade invadida
Por indignidade invasiva
Acolhe-se o engano
Escusa-se
Em um veredicto profano
A crueldade em requinte
Um acinte
- Autor: Hébron (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 4 de novembro de 2020 14:43
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 37
- Usuários favoritos deste poema: Monique F.
Comentários9
Hébron, forte, preciso, contudente protesto! À que estamos assistindo nestes dias trevosos? Meu Deus! Que infamia! A moça foi estuprada nao apenas uma vez: duas vezes. Houve, ali, no tribunal, um show de horrores, na frente do promotor, do juiz, que passivamente assistiram aquelas cenas deprimentes de o advogado do camarada que estava sendo julgado por estupro da blogueira ,ela ser humilhada, esmagada moralmente!
Esse camarada, o tal advogado, nao tem mãe, irmães, filhas? Nao nasceu de mulher, ou se auto-fecundou?
É um fato triste, lamentável em todos os aspectos. E o judiciário avalizando o criminoso e reverenciando o estupro. Absurdo!
Obrigado pela leitura e comentário, meu amigo poeta
Abraço
Adorei, parabéns poeta. abraços
Caríssimo Vlad, muito obrigado por prestigiar meus escritos.
Grande abraço
Pois é, amigo Hébron, estamos num mundo de valores invertidos.
No passo em que as coisas vão não sei onde vamos parar.
Há tempos atrás, não se denunciava por vergonha...até porque a própria sociedade julgava como a vítima sendo responsável por " atiçar" o sujeito.
De um tempo pra cá, toma- se coragem e começa - se a denunciar, pensando que algo mudou.
Mas estamos vendo que pouca coisa mudou. É uma vergonha que vítimas sejam humilhadas e, praticamente, viram rés.
É muito lamentável, Edla.
Um judiciário que reverencia o estupro e prestigia um criminoso com uma estapafúrdia sentença com fundamento absurdo e permite a tortura humilhante de uma vítima, apenas por fatos dos seus atributos femininos e dos valores que a cultura machista não suporta.
Isso é um sinal de intimidação contra a luta por direitos que as mulheres tanto defedem, direito de liberdade, de respeito, de igualdade.
Eu fico ainda mais decepcionado com esse judiciário que cala a voz da Justiça.
Abraço, poetisa
Isso mesmo, Hébron, judiciário que milita pela injustiça, infelizmente e nos faz sentir a tal " vergonha alheia"
Um acinte! Disse tudo. Um abraço.
É a nossa indignação, meu amigo.
Abraço
Tudo a ver, tchê.
Assim caminha a desumanidade...
Parabéns, poeta. Importante e oportuno. Baita abraço.
É, meu amigo do sul, a indignação é gigante!
Assim caminha a desumanidade...
Abraço
Forte
Obrigado, poetisa, pela leitura e comentário.
A indignação é muito grande...
Abraço
Denúncia e Santa indignação,transformando o vilipendio feminino,exposto como ferida sangrando, em versos de pura estirpe,tirados da alma sensível do poeta. Triste realidade ver seguir a tradição de enxovalhar a mulher.
Essa tradição perversa vai sendo combatida com perseverança, a causa é justa e a poesia é ferramenta de luta.
Obrigado pelo sempre agradável comentário!
Abraço
A poesia pode ser um protesto, uma tentativa de mudar o mundo para melhor. Acho que a justiça é cega por não ver as injustiças ocorrendo no dia a dia. Um acinte.
Boa noite, poeta.
E hoje, só o fato de sermos "mulheres" , eu e minhas amigas do sexo feminino já estamos então " facilitando" pro abusador ter validada sua justificativa...
Ele fez porque Ela abriu "precedentes"!
Obrigado pelo tema para debate...
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