Dócil, dócil
Como um cão
Uma servidão fóssil
Vem comer na mão
Pau pra toda obra
Que seu dono lhe cobra
Vai, corre e pega o graveto
Volta, devolve,
Pronto, está feito
Para sobreviver
A sua alma se dobra
Rola no chão
Se finge de morto
Pra não morrer
Dobra a patinha
E pede o biscoito
Abre a boquinha
De língua pra fora
A um comando da mão
Se tem vergonha, ignora
Afinal Rex é seu nome
Se não obedecer
Não come
Lambe a mão que lhe acalenta
A submissão lhe alimenta
Só late se for mandado
Só rosna se ensaiado
Cão sem honra e sem raça
Sombra de si próprio
Minúsculo ao microscópio
E assim sua vida passa...
- Autor: Vênus (Pseudónimo ( Offline)
- Publicado: 30 de outubro de 2020 15:10
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 26
- Usuários favoritos deste poema: Romárico Selva
Comentários3
Poema contundente!
Muito bom na crítica e na poética.
Abraço
Obrigado Hebron
Um grito de revolta contra a subserviência. Quantos de nós, mesmo sem se dar conta, beija a mão de seu algoz?
Sem dúvida Maria. Obrigado
Já tivemos um cão com esse nome.
Lendo aqui, me dei conta que eles "os cães" e algumas pessoas que se submetem a servidão, são cobrados quando "dizem" não...
Verdade Lucita. Uma contradição ser Rex
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