Rex

Marçal de Oliveira Huoya

Dócil, dócil 
Como um cão 
Uma servidão fóssil 
Vem comer na mão 
Pau pra toda obra
Que seu dono lhe cobra 
Vai, corre e pega o graveto
Volta, devolve, 
Pronto, está feito
Para sobreviver
A sua alma se dobra
Rola no chão 
Se finge de morto
Pra não morrer 
Dobra a patinha
E pede o biscoito
Abre a boquinha 
De língua pra fora
A um comando da mão 
Se tem vergonha, ignora
Afinal Rex é seu nome 
Se não obedecer 
Não come 
Lambe a mão que lhe acalenta
A submissão lhe alimenta
Só late se for mandado 
Só rosna se ensaiado 
Cão sem honra e sem raça 
Sombra de si próprio 
Minúsculo ao microscópio 
E assim sua vida passa...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 30 de outubro de 2020 15:10
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 26
  • Usuários favoritos deste poema: Romárico Selva
Comentários +

Comentários3

  • Hébron

    Poema contundente!
    Muito bom na crítica e na poética.
    Abraço

  • Maria dorta

    Um grito de revolta contra a subserviência. Quantos de nós, mesmo sem se dar conta, beija a mão de seu algoz?

  • lucita

    Já tivemos um cão com esse nome.
    Lendo aqui, me dei conta que eles "os cães" e algumas pessoas que se submetem a servidão, são cobrados quando "dizem" não...



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