Dócil, dócil
Como um cão
Uma servidão fóssil
Vem comer na mão
Pau pra toda obra
Que seu dono lhe cobra
Vai, corre e pega o graveto
Volta, devolve,
Pronto, está feito
Para sobreviver
A sua alma se dobra
Rola no chão
Se finge de morto
Pra não morrer
Dobra a patinha
E pede o biscoito
Abre a boquinha
De língua pra fora
A um comando da mão
Se tem vergonha, ignora
Afinal Rex é seu nome
Se não obedecer
Não come
Lambe a mão que lhe acalenta
A submissão lhe alimenta
Só late se for mandado
Só rosna se ensaiado
Cão sem honra e sem raça
Sombra de si próprio
Minúsculo ao microscópio
E assim sua vida passa...