Marçal de Oliveira Huoya

Rex

Dócil, dócil 
Como um cão 
Uma servidão fóssil 
Vem comer na mão 
Pau pra toda obra
Que seu dono lhe cobra 
Vai, corre e pega o graveto
Volta, devolve, 
Pronto, está feito
Para sobreviver
A sua alma se dobra
Rola no chão 
Se finge de morto
Pra não morrer 
Dobra a patinha
E pede o biscoito
Abre a boquinha 
De língua pra fora
A um comando da mão 
Se tem vergonha, ignora
Afinal Rex é seu nome 
Se não obedecer 
Não come 
Lambe a mão que lhe acalenta
A submissão lhe alimenta
Só late se for mandado 
Só rosna se ensaiado 
Cão sem honra e sem raça 
Sombra de si próprio 
Minúsculo ao microscópio 
E assim sua vida passa...