Pardejar sem Doer

Roberio Motta



CARIRI um estado de Graça

Que quando choves

O verde nos abraça

Trazendo saudades do voltar

 

E meus olhos ainda de menino

Cansado no corpo franzino

Se põem a marejar

No desvario do seco rio

 

Nascido nas batateiras

Riachos Grangeiro e Carás

Do Olho d´Água ao Rosário

Se espalha abraçando a saudade

 

E corre o Salgado desconcertado

Indo a Icó, Cedro e Umari

Baixio, Alegre Várzea e Ipaumirim

Levando promessas do Juazeiro,

Do Crato, Missão a descansar

Com pernoite na Barbalha

Raiar com acordes em Jardim

 

E a pena que escreve o mote

É forte dentro de mim

É do passante dos Buritis

Do Brejo inda Santo e belo

Abaiara, Porteiras e Jati

 

Segue Jaguaribe-Mirim

E espalha tua alma salgada

Cansada e cristalina

Leva afora tuas mágoas

Que se afloram em tuas águas

 

Deixa na terra teu lamento

Deixa no leito teu sedimento

Carregas tem povo inda sofrido

Nas tuas águas salgadas de tormentos

 

E hoje sentado com o descanso

Carrego com a vida o simples

O acatamento do pensamento suave

A malva doce sem maldade

 

Sigo meus versos diversos

Sigo a minha sina, rima e poesia

Donde nas linhas da minha face

Carregam os beijos de outrora

E as agruras vividas

 

Das despensas vazias e (das) secas

Das tardes que não passam

Das passadas hoje curtas

Dos pés do ocaso ao acaso

 

E ao fechar a tramela

Na chegada do Sonoite

Carregarei meu sonho do eu e ela

Deitados entre cangalhas e esteiras

 

E no avivar da manhã

Ir pra lida sofrida

Buscar o Dicomer

Esperar o cheiro da chuva

De terra moiáda

Das modas, reisados e lapinhas

Das cores do meu sertão

Que passa a ser alegre

Feito tu dentro de mim

Feito cantiga de Passarim.

 

Agora carrego a felicidade

Pois o céu tá bonito prá chover

E em minhas mãos a debulha

Esperando o pardejar sem doer.

 

Roberio Motta

Juazeiro do Norte, Estado de Graça do Cariri

06 de Junho de Um Tal de Vinte Vinte.

Uma Homenagem ao Rio Salgado(Jaguaribe Mirim, seus afluetes, suas cidades banhadas de vida, nosso povo tão valente e cheio de SER-tão).

  • Autor: Soldadinho do ARA-ARI-PE (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 25 de outubro de 2020 10:50
  • Comentário do autor sobre o poema: Uma Homenagem ao Rio Salgado(Jaguaribe Mirim) e seus afluentes, Suas cidades banhadas de vida, Até desaguar no Jaguaribe Nosso povo tão valente e cheio de SER-tão. Por Roberio Motta. Em resposta a esta peça "Pardejar sem Doer" o nobre e iluminado poeta e compositor Luiz Fidelis (Autor e compositor de inúmeras belas obras, filho de Juazeiro do Norte, Cariri, entre elas Flor do Mamulengo) faz este verso abaixo: Rio Salgado (Saldadinho): O rio que me ensinou A nadar O rio que me ensinou A pescar O rio que era tudo pra Mim Meu Padim salve o Rio Salgadim. Por Luiz Fidelis, Juazeiro do Padim Ciço, Cariri Em 25 de Outubro de Vinte Vinte. Música áudio Soundcloud: Flor do Mamulengo Intérprete: Djane & Os Camaradas Compositor: LuizFidelis Foto Crédito: Ricardo Quidute
  • Categoria: Fantástico
  • Visualizações: 78
  • Usuários favoritos deste poema: Roberio Motta
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Comentários2

  • Maria dorta

    Lindo poema,que como oosLusiadas, canta e enaltece sua gente,feita do barro amassado pelo Rio redentor. Povo Valente,merecedor de governança honesta,distribuindo por ali nosso suado dinheiro de impostos. Infelizmente constatamos : povo vive de promessa!

  • Priscila Ribeiro

    Lindo poema!! Que bom poder viver a vida em versos.



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