CARIRI um estado de Graça
Que quando choves
O verde nos abraça
Trazendo saudades do voltar
E meus olhos ainda de menino
Cansado no corpo franzino
Se põem a marejar
No desvario do seco rio
Nascido nas batateiras
Riachos Grangeiro e Carás
Do Olho d´Água ao Rosário
Se espalha abraçando a saudade
E corre o Salgado desconcertado
Indo a Icó, Cedro e Umari
Baixio, Alegre Várzea e Ipaumirim
Levando promessas do Juazeiro,
Do Crato, Missão a descansar
Com pernoite na Barbalha
Raiar com acordes em Jardim
E a pena que escreve o mote
É forte dentro de mim
É do passante dos Buritis
Do Brejo inda Santo e belo
Abaiara, Porteiras e Jati
Segue Jaguaribe-Mirim
E espalha tua alma salgada
Cansada e cristalina
Leva afora tuas mágoas
Que se afloram em tuas águas
Deixa na terra teu lamento
Deixa no leito teu sedimento
Carregas tem povo inda sofrido
Nas tuas águas salgadas de tormentos
E hoje sentado com o descanso
Carrego com a vida o simples
O acatamento do pensamento suave
A malva doce sem maldade
Sigo meus versos diversos
Sigo a minha sina, rima e poesia
Donde nas linhas da minha face
Carregam os beijos de outrora
E as agruras vividas
Das despensas vazias e (das) secas
Das tardes que não passam
Das passadas hoje curtas
Dos pés do ocaso ao acaso
E ao fechar a tramela
Na chegada do Sonoite
Carregarei meu sonho do eu e ela
Deitados entre cangalhas e esteiras
E no avivar da manhã
Ir pra lida sofrida
Buscar o Dicomer
Esperar o cheiro da chuva
De terra moiáda
Das modas, reisados e lapinhas
Das cores do meu sertão
Que passa a ser alegre
Feito tu dentro de mim
Feito cantiga de Passarim.
Agora carrego a felicidade
Pois o céu tá bonito prá chover
E em minhas mãos a debulha
Esperando o pardejar sem doer.
Roberio Motta
Juazeiro do Norte, Estado de Graça do Cariri
06 de Junho de Um Tal de Vinte Vinte.
Uma Homenagem ao Rio Salgado(Jaguaribe Mirim, seus afluetes, suas cidades banhadas de vida, nosso povo tão valente e cheio de SER-tão).