Marcellus Augusto

A solidão e a cura da dor

O silêncio é o meu refúgio 

A fortaleza do meu coração,

É na solidão que encontro as respostas

Onde faço as minhas orações

O local onde escuto a voz amorosa de Deus. 

A oração é o redirecionamento da alma ao Divino

Redireciono todas as minhas aflições ao Senhor,

Por meio do meu silêncio faço a minha prece,

Sem dizer uma palavra, sem barulhos ou testemunhas,

Apenas Deus e eu no íntimo do meu ser. 

No silêncio eu consolo a minha alma

Na solidão eu cicatrizo as minhas dores

No meio desse processo me enfrento, me descubro

Procuro saber quem eu sou, sem medo,

Sem temer o que vai encontrar,

Sem temer ser o que deve ser. 

A alma nua, cheia de feridas e dores,

Carregada pelas mágoas, ódios e decepções,

Encontra o consolo de Deus, 

Deus que é a fortaleza eterna,

O amor inabalável

A graça inacabável 

O perdão eterno,

E a bondade infinita. 

Mesmo quando falta forças para falar,

Ele escuta o nosso clamor e vem nos socorrer.

O silêncio é a certeza da resignação do meu ser ao Senhor,

O silêncio é a garantia que estou em reforma,

O silêncio é a prova que estou em recriação,

O silêncio é a testemunha da minha ressignificação

O silêncio é a fonte da minha arte e do meu viver. 

Não há o que temer, 

A solidão não mata, 

A solidão não fere

A solidão não esmaga e naõ destrói

Nem testemunha contra ti, nem contra o próximo

Mas ela oferece os maiores desafios:

Saber quem sou!

Isso, nenhum espelho pode oferecer,

Nenhuma opinião pode explicitar, 

Nenhuma ciência pode teorizar,

Nem a filosofia pode especular. 

É na solidão que você se encontra consigo mesmo,

Sabe quais são os seus demônios, os seus medos

Os seus desejos, fetiches, angústias, torturas,

Dores, remoros e sensações. 

Só nela todas as máscaras são desveladas, 

Não existe público, não há platéias ou interprétes. 

O homem moderno foge da solidão, 

Porque teme encontrar o seu maior medo,

Saber quem verdadeiramente é. 

O verdadeiro místico é o homem que encontrou alegria na solidão,

Encontrou Deus no silêncio,

Cantou com alegria quando chorava por tristeza,

Agradecia ao Senhor quando perdia tudo,

Alegrou-se com a vida quando não tinha nada,

Dividiu o pouco que tinha, com quem não tinha,

Calou-se diante do mundo, porque não precisava falar,

No final da caminhada descobriu quem verdadeiramente era, 

Terminou o bom combate da existência,

Reconciliou-se consigo mesmo e viveu uma vida unificada com Deus,

Sem barulhos, 

Sem gritos, 

Apenas no silêncio divino,

No amor gracioso de Deus,

Cheio de certeza que no meio da solidção,

Ele tinha a maior companhia de todas: O Criador. 

 

 

  • Autor: Místico (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de Outubro de 2020 00:38
  • Comentário do autor sobre o poema: O poema é uma reconceituação do termo solidão, não compreendo nesse poema a solidão como sofrimento, medo ou dor. Mas um remédio necessário, importante e grandioso na vida de cada ser humano para se reinventar, se recriar, encontrar em Deus ou em si (caso não creia em Deus), uma nova forma de viver. Sofrer na solidão também faz parte desse processo, o processo de se compreender, se reconciliar, colocar as dores, mágoas e remorsos para fora. Só na solidão que você se encontra consigo mesmo e descobre quem é. Espero que vocês gostem!
  • Categoria: Espiritual
  • Visualizações: 33

Comentários2

  • Maximiliano Skol

    Gostei, Peregrino. Quando solitários estamos conosco e ligados ao Criador. Quem pensa e tem vida interior não tem solidão. E a tendência é de nos reinventarmos.
    Obrigado pelas suas revelações.
    Um abraço.

    • Marcellus Augusto

      Muito obrigado, grande amigo, uma honra receber elogios de um grande poeta como você!

    • Eras

      Belo poema, poeta.
      A solidão no início pode ser muito barulhenta e por isso a tendemos evitar.
      Porém a persistência na meditação ou oração pode nos conduzir ao nosso eu verdadeiro e com isso nos reconectar ao Criador.
      Bom dia.



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