//meuladopoetico.com/

Marcellus Augusto

A solidão e a cura da dor

O silêncio é o meu refúgio 

A fortaleza do meu coração,

É na solidão que encontro as respostas

Onde faço as minhas orações

O local onde escuto a voz amorosa de Deus. 

A oração é o redirecionamento da alma ao Divino

Redireciono todas as minhas aflições ao Senhor,

Por meio do meu silêncio faço a minha prece,

Sem dizer uma palavra, sem barulhos ou testemunhas,

Apenas Deus e eu no íntimo do meu ser. 

No silêncio eu consolo a minha alma

Na solidão eu cicatrizo as minhas dores

No meio desse processo me enfrento, me descubro

Procuro saber quem eu sou, sem medo,

Sem temer o que vai encontrar,

Sem temer ser o que deve ser. 

A alma nua, cheia de feridas e dores,

Carregada pelas mágoas, ódios e decepções,

Encontra o consolo de Deus, 

Deus que é a fortaleza eterna,

O amor inabalável

A graça inacabável 

O perdão eterno,

E a bondade infinita. 

Mesmo quando falta forças para falar,

Ele escuta o nosso clamor e vem nos socorrer.

O silêncio é a certeza da resignação do meu ser ao Senhor,

O silêncio é a garantia que estou em reforma,

O silêncio é a prova que estou em recriação,

O silêncio é a testemunha da minha ressignificação

O silêncio é a fonte da minha arte e do meu viver. 

Não há o que temer, 

A solidão não mata, 

A solidão não fere

A solidão não esmaga e naõ destrói

Nem testemunha contra ti, nem contra o próximo

Mas ela oferece os maiores desafios:

Saber quem sou!

Isso, nenhum espelho pode oferecer,

Nenhuma opinião pode explicitar, 

Nenhuma ciência pode teorizar,

Nem a filosofia pode especular. 

É na solidão que você se encontra consigo mesmo,

Sabe quais são os seus demônios, os seus medos

Os seus desejos, fetiches, angústias, torturas,

Dores, remoros e sensações. 

Só nela todas as máscaras são desveladas, 

Não existe público, não há platéias ou interprétes. 

O homem moderno foge da solidão, 

Porque teme encontrar o seu maior medo,

Saber quem verdadeiramente é. 

O verdadeiro místico é o homem que encontrou alegria na solidão,

Encontrou Deus no silêncio,

Cantou com alegria quando chorava por tristeza,

Agradecia ao Senhor quando perdia tudo,

Alegrou-se com a vida quando não tinha nada,

Dividiu o pouco que tinha, com quem não tinha,

Calou-se diante do mundo, porque não precisava falar,

No final da caminhada descobriu quem verdadeiramente era, 

Terminou o bom combate da existência,

Reconciliou-se consigo mesmo e viveu uma vida unificada com Deus,

Sem barulhos, 

Sem gritos, 

Apenas no silêncio divino,

No amor gracioso de Deus,

Cheio de certeza que no meio da solidção,

Ele tinha a maior companhia de todas: O Criador.