Marçal de Oliveira Huoya

Febre

Antes
Era sede,
Imagem e necessidade,
A angústia da novidade,
Perdido entre quatro paredes,
O corpo faminto,
A alma com febre,
A chama do instinto,
Uma febre incomodada,
Agoniada, abafada e esfumaçada,
Fogão de lenha em um casebre,
Febre terçã, febre quartã,
Suores de impaludismo,
De noite e de manhã,
Temores do sismo,
Tremores na beira do abismo,
Amores de fã,
Era uma premência,
Era uma urgência,
Que beirava o desespero,
Era sal demais,
Era muito tempero,
Há muito tempo atrás,
Mas então passou um dia,
Depois mais outro se sucedeu,
E mais uma noite foi companhia,
Até que o dia amanheceu,
Sem placas, sem pruridos,
Até mesmo a febre cedeu,
Agora era outra pessoa,
Não passara por tudo a toa,
Estava forte, com imunidade,
A febre levara a saudade,
A dependência do remédio,
Nada mais com intensidade,
O superlativo era médio,
A vontade de ver e de ter,
Agora poderia adormecer,
Sem nenhuma ansiedade,
Se testando se levantou,
Se teria alguma dificuldade,
Não, aquilo não era amor,
Fora sonho, não era verdade...

  • Autor: Vênus (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de Outubro de 2020 14:31
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 54


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