Marcellus Augusto

A subjetividade da alma solitária

Que sensação ruim, eu sinto por dentro

Sinto um vazio tão grande no interior do meu ser

Não sei o que é amar, não sei o que é ser amado

Não tive o calor da paixão, tenho inveja dos amantes.

 

A realidade, o mundo exterior, como um todo, me parece tão ilusório

Vejo as pessoas sorrindo, chorando, se alegrando ou sofrendo

Diante de todo o sofrimento e dor do mundo externo

O meu mundo subjetivo me parece tão real e verdadeiro.

 

Tenho inveja de todos que lutam pela sua vida

Tão cheios de certezas, verdades e razões

Enquanto eu não tenho nenhuma delas

E como zumbi, eu vou caminhando um dia depois do outro.

 

Diante da existência, só vejo cinza e preto

Não sei o que é alegria, nem a rápida felicidade

Como resposta ao meu próprio degredo e solidão

Acordo tarde com as janelas fechadas, evitando luz do sol.

 

Sinto-me tão insignificante, tão invisível, tão esquecido

Que entre a minha identidade e o anonimato não existe diferença  

E como grito da dor que minha alma sente, eu coloco uma música alta

E, enquanto escuto, imagino uma vida que nunca tive.

 

E como se não bastasse todo o meu exílio interior

Ainda me deparo com os fracassos da vida

Sim, os fracassos naturais que todos passam e passarão

Mas eles são para mim tão pesados, tão difíceis. 

 

Como se o mundo conspirasse contra mim 

Nada parece acontecer em meu favor

Enquanto isso, eu espero a mensagem que nunca chegará

Ou o abraço e o  amor que nunca terei. 

 

Diante dessa dor, invoco o nome de Deus

Mesmo sabendo que ele me escuta, não ouço sua voz

Mesmo sabendo que ele me olha, não o vejo

Mesmo sabendo que ele me ama, não consigo sentir o seu amor.

 

Deus é fiel, mas tornei-me adúltero

Como sintomas da minha traição

Não me reconheço no espelho, me pego sendo quem não sou

E como sinal de vergonha, evito o meu nome e me escondo da existência.

 

 

Como desprezo a mim mesmo ou grito para uma reviravolta no meu ser

Termino o meu poema, cheio de erros e falhas grámaticais

Sem elegância, ou qualidade, muito menos, talento

Porque ele é o reflexo de como estou. 

 

 

 

 

  • Autor: Místico (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de Setembro de 2020 21:04
  • Comentário do autor sobre o poema: Depois de uma semana, estou escrevendo novamente, creio que ficarei mais tempo escrevendo e postando alguns poemas, espero que vocês gostem.
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 16
  • Usuário favorito deste poema: Ana Paula Valentim.

Comentários1

  • Ana Paula Valentim

    Sem palavras!!! É exatamente assim que eu me sinto agora também. Você colocou muito bem em palavras !!

    • Marcellus Augusto

      Obrigado, seja bem-vinda, sua amizade e participação sempre será importante. Estou aqui para interagir, conversar e aprender com vocês.



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