O ano novo está chegando,
com aquela chance oficial que temos
de poder errar diferente.
Repito isso em voz baixa,
como quem testa um sapato novo
antes de sair para a rua.
Feliz Ano Novo —
digo ao espelho,
que me devolve um sorriso meio cético,
meio esperançoso,
como quem sabe que vai tropeçar
mas topa dançar mesmo assim.
Errar diferente é curioso:
não é evitar o erro,
é mudar o ângulo da queda,
a história que conto depois,
o carinho que faço em mim
quando percebo que ainda não sei tudo
(e talvez nunca saiba).
Sou essa mulher que faz listas
e depois as perde,
que promete calma
e se empolga,
que busca sentido
como quem procura óculos
já pousados no rosto.
O ano novo chega
sem garantias,
mas com essa gentileza estranha:
um convite para tentar outra vez
sem precisar ser melhor,
apenas um pouco mais honesta
com minhas dúvidas.
Se a vida é um paradoxo ambulante,
eu sigo com ela,
rindo baixo das minhas certezas temporárias,
aceitando que crescer
é aprender a errar
com mais consciência
e menos culpa.
O ano novo está chegando,
e eu vou com ele —
sem mapas definitivos,
mas com a delicada coragem
de quem entende, enfim,
que amadurecer
é errar diferente
e ainda assim desejar:
Feliz Ano Novo.
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Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 28 de dezembro de 2025 08:07
- Comentário do autor sobre o poema: A verdadeira medida de um ciclo não se encontra em tabelas de desempenho, mas na coragem de encarar a própria sensibilidade sem filtros. As alegrias iluminam nossos dias, enquanto as dores revelam as rachaduras que precisamos consertar em nossa estrutura interna. Mesmo nos momentos de estagnação ou cansaço extremo, a alma está trabalhando para transformar a experiência bruta em sabedoria. Estar em paz não significa ter acumulado vitórias, mas reconhecer que cada batida do coração foi um passo válido na jornada. No fim, a conta fecha quando percebemos que estar plenamente vivo é o único dividendo que realmente importa.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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