Somos feras de porcelana
erguendo bandeiras de paz com mãos
que ainda tremem do peso das armas
Dizemos “nunca mais”
mas afiamos promessas no frio do metal
Celebramos tratados com taças erguidas
enquanto no fundo dos olhos
arde a centelha antiga do medo
Falamos de pontes
mas traçamos fronteiras com a pressa
de quem teme ser compreendido
Inventamos discursos suaves
gravamos hinos de união
mas deixamos que a poeira das trincheiras
se instale nos cantos da memória
não para aprender
mas para justificar o próximo desvario
Somos contraditórios por natureza
queremos a paz que não sabemos sustentar
a guerra que fingimos não desejar
o futuro que adiamos
entre uma conferência e um silêncio cúmplice
E assim caminhamos
tropeçando entre ideais e instintos
entre o abraço e o punho cerrado
tateando no escuro por uma verdade
que talvez nunca caiba inteira em nós
No fim, resta-nos a pergunta
que ecoa na poeira do mundo
como guardar a paz
se ainda não aprendemos
a desarmar o coração?
MAYK52
-
Autor:
Gil Moura (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 27 de dezembro de 2025 15:55
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4

Offline)
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.