A embriaguez excita e expõe todos os vícios. Já desejei que o mundo se acabasse em chamas só para tragar meus pecados. Já quis beber até me afogar em outro deles; já até me deitei com meus erros. Vítima dos meus desejos, escravo dos meus prazeres.
A privação causa sofrimento. Talvez por isso o pecado seja tão prazeroso: a maçã de Eva. É por isso também que a distância me traz certa melancolia, mas, de tudo em que já me viciei, minha única abstinência é o vício em te fazer sorrir.
Ainda que eu tenha provado o prazer do erro, não quero a sobriedade de uma vida sem ter, ao menos uma vez, visto de tão perto o teu brilho. Ainda que eu seja, de fato, exagerado, a minha lucidez se perdeu quando te encontrou. Ainda que escreva apenas com o que restou de mim, escolho o excesso que me faz sentir embriagado de ti.
Ainda que eu tenha te ressignificado; se a tua falta for meu único exílio, que eu permaneça assim: viciado em te amar.
Você é uma daquelas pessoas raras que fazem o mundo ao redor parecer mais bonito. Os gregos veriam em ti a própria Ametista — o antídoto para todo excesso — mas, se o amor é o vício que não pede cura, que eu morra de sede, ou me transborde de te amar.
Talvez por saber disso que o universo, diante de tanta raridade, não ousaria confiar esse brilho a mais ninguém. Afinal, você sempre foi mimada.
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Autor:
Gustavo Felipe (
Offline) - Publicado: 24 de dezembro de 2025 10:47
- Categoria: Não classificado
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