Antes do giz,
antes do sino que marca o tempo, o cronos,
houve a palavra dita ao redor do fogo,
o gesto repetido,
o saber passado pelos mais velhos e sábios
como herança viva de um povo.
A educação nasceu antes da escola,
no ventre das sociedades primeiras,
quando aprender era sobreviver
e ensinar era cuidar, transmitir, depositar.
Com o avançar do tempo,
vieram leis, direitos, deveres,
e o desejo de formar mais do que corpos úteis:
nasceu a escola,
não como prédio,
mas como promessa.
Promessa de formar sujeitos,
de erguer consciências, conexões, essências,
de ensinar a ler o mundo
antes mesmo de decifrar letras.
Mas o tempo, como o vento, não recuou
e, entre reformas e silêncios,
a educação foi sendo enfraquecida,
desvalorizada, ferida
Ainda assim, permanece.
Permanece no educador
que insiste em acreditar,
no aluno que questiona,
no diálogo que rompe a rotina
e transforma a sala de aula em território de vida.
Educar é libertar,
é espalhar conhecimentos, sementes,
é inspirar, moldar mentes
é permitir que o sujeito se reconheça inacabado
e capaz de refazer o mundo desejado.
A escola não entrega destinos prontos,
apenas aponta caminhos.
Caminhar é escolha,
mas caminhar com sentido
é possibilidade que se constrói junto, é força.
É ali, entre valores, conflitos e descobertas,
que se aprende a ser com o outro,
a conviver,
a existir para além de si.
No século das urgências e das telas,
educar exige assumir o compromisso
de formar seres humanos inteiros.
Ensinar, então, é um verbo em movimento:
transformar-se para transformar,
humanizar para humanizar-se,
fazer da educação
um ato contínuo de esperança.
Porque educar, no fim,
é acreditar que o mundo pode ser melhor
e começar essa mudança, assim,
todos os dias,
na sala de aula
com giz e apagador.
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Autor:
Adriano Rosa (
Offline) - Publicado: 19 de dezembro de 2025 00:27
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1

Offline)
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