ARQUITETURA DO INVISÍVEL

Gilberto Lima

E se o mundo “sólido”
for só a interface
que o infinito usa
pra caber no cotidiano?

Antes do fato, existe o campo:
um oceano de possibilidades
esperando um gesto de consciência.

Duas fendas.
Sem olhar, a partícula é poema:
passa por ambas,
desenha o impossível.
Com olhar, vira escolha:
o real fecha alternativas
e entrega uma resposta.

Atenção não é passiva.
É lâmina.
Recorta probabilidades
até virar destino.

Há versões suas coexistindo:
a que prospera sem perder a alma,
a que transforma risco em método,
a que vive com lucidez e abundância.
E há ciclos que se repetem
porque o foco vira altar:
olhar fixo na falta
solidifica a falta.

O universo também é vínculo:
emaranhamento —
a prova sutil
de que separação
é mais percepção do que verdade.

Pensamento desenha a planta.
Emoção faz o concreto pegar.
Sem coerência, você pede abundância
com a voz do medo —
e o medo sempre responde.

E a ponte final é ação inspirada:
não empurrar o rio,
mas seguir a água
quando ela mostra passagem.

No fim, a pergunta é simples:
o que você está observando hoje
com fidelidade?

A falta?
Ou a possibilidade
que já existe em você?

Talvez a realidade
não aconteça com você.
Talvez aconteça
a partir de você.

Que seu olhar seja arte.
Que sua emoção seja bússola.
E que o invisível, por respeito,
se organize em matéria.

  • Autor: Gilberto Lima (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 18 de dezembro de 2025 02:33
  • Comentário do autor sobre o poema: A vida não é só o que acontece “fora”, mas o que se organiza a partir do que eu sustento por dentro. Não como fantasia — como direção. Atenção é escolha. Emoção é combustível. E ação, quando nasce do alinhamento, deixa de ser esforço cego e vira ponte.\\\\r\\\\n\\\\r\\\\nSe este poema tocar você, use-o como um ajuste de foco: menos culto ao problema, mais compromisso com a possibilidade. O invisível responde — não ao que a gente pede em palavras, mas ao que a gente confirma em presença.
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 2


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.