E se o mundo “sólido”
for só a interface
que o infinito usa
pra caber no cotidiano?
Antes do fato, existe o campo:
um oceano de possibilidades
esperando um gesto de consciência.
Duas fendas.
Sem olhar, a partícula é poema:
passa por ambas,
desenha o impossível.
Com olhar, vira escolha:
o real fecha alternativas
e entrega uma resposta.
Atenção não é passiva.
É lâmina.
Recorta probabilidades
até virar destino.
Há versões suas coexistindo:
a que prospera sem perder a alma,
a que transforma risco em método,
a que vive com lucidez e abundância.
E há ciclos que se repetem
porque o foco vira altar:
olhar fixo na falta
solidifica a falta.
O universo também é vínculo:
emaranhamento —
a prova sutil
de que separação
é mais percepção do que verdade.
Pensamento desenha a planta.
Emoção faz o concreto pegar.
Sem coerência, você pede abundância
com a voz do medo —
e o medo sempre responde.
E a ponte final é ação inspirada:
não empurrar o rio,
mas seguir a água
quando ela mostra passagem.
No fim, a pergunta é simples:
o que você está observando hoje
com fidelidade?
A falta?
Ou a possibilidade
que já existe em você?
Talvez a realidade
não aconteça com você.
Talvez aconteça
a partir de você.
Que seu olhar seja arte.
Que sua emoção seja bússola.
E que o invisível, por respeito,
se organize em matéria.