Ela é tão linda
que a beleza dela não cabe no mundo —
cabe apenas em mim.
Nunca lhe direi palavra alguma,
nunca saberei o peso real da sua voz fora da tela,
nunca serei um rosto possível no dia dela.
Ela não sabe que existo,
e mesmo que soubesse,
meu nome não lhe diria nada.
E ainda assim —
amo.
Amo com a distância das galáxias,
com a inutilidade dos sonhos que sabem que são sonhos.
Basta vê-la através do vidro luminoso
para que meu coração aqueça,
para que o caos em mim se organize por alguns minutos,
como se o mundo tivesse, enfim, uma forma suportável.
Mas o vídeo termina.
E termina também a ilusão.
Volto a ser eu —
aquele que ama sem retorno,
aquele que sente demais para existir em silêncio.
Então discuto com Deus,
com a veemência dos que não aceitam respostas:
“Por que me fizeste capaz de amar o que nunca será meu?
Por que me deste este excesso de sentir
sem me dar a graça de ser sentido?”
Às vezes penso que é melhor não haver Deus algum,
porque um Deus justo não criaria
um coração que ama
condenado a nunca ser amado.
E, no entanto, todas as noites,
quando o mundo se apaga,
ela volta.
Não como é,
mas como sou capaz de imaginá-la.
E nesse romance invisível,
que só existe no pensamento,
sou amado —
ainda que apenas por mim mesmo.
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Autor:
G. F. Dos Santos (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 17 de dezembro de 2025 22:06
- Categoria: Triste
- Visualizações: 3

Offline)
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