Há um saber que não grita,
ele sussurra.
Não nasce da mente apressada
nem do ruído do ego,
mas do fundo —
onde o tempo desacelera,
o instante se amplia
e a verdade respira sem forma.
A intuição não explica,
ela reconhece.
É o toque sutil do Eu Superior,
essa consciência mais alta
que não reage —
orienta.
Ela fala antes do pensamento,
alinha o coração
e revela caminhos
que os olhos ainda não aprenderam a ver.
Ouvir o coração
não é seguir impulsos,
é recordar a própria essência.
É permitir que o Eu Superior
assuma o leme
enquanto o ego silencia.
Uma bússola antiga,
eterna,
afinada com quem somos
quando cessam as defesas
e a presença se instala.
Dentro, há um eu que observa o eu.
Mais alto.
Mais lúcido.
Mais inteiro.
Ele não disputa espaço,
não exige controle,
não pressiona decisões.
Ele espera —
com paciência infinita —
até que o ruído interno se dissolva
e a escuta verdadeira aconteça.
Quando esse diálogo se estabelece,
o mundo muda de densidade.
O excesso perde força.
O acaso ganha sentido.
E a vida, antes reativa,
passa a responder
com sincronicidade.
Enxergar além
não é fugir da realidade,
é habitá-la por inteiro.
É viver o momento presente
com consciência ampliada,
onde escolhas nascem do alinhamento
e não do medo.
Onde cada gesto carrega
verdade,
coerência
e direção.
Há, em cada um,
uma identidade que não envelhece,
não se fragmenta,
não se perde.
Ela observa em silêncio,
ama sem condição
e guia sem impor.
Esse é o Eu Superior —
não acima de nós,
mas através de nós.
E quem aprende a escutar essa voz
não anda perdido —
anda guiado.
Não reage ao mundo:
co-cria.
Não busca fora:
recorda.
E ao lembrar quem é,
expande.
-
Autor:
Gilberto Lima (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 17 de dezembro de 2025 00:56
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema nasce de um reencontro silencioso. Ele fala do momento em que o ruído do ego desacelera, as exigências externas perdem força e uma consciência mais alta em nós se faz presente. O Eu Superior, aqui, não é tratado como ideia abstrata, mas como a essência mais verdadeira do ser — uma emanação da realidade suprema, livre das limitações da personalidade, do medo e da reação automática.\r\n\r\nAo longo dos versos, o Eu Superior manifesta-se como um saber que não grita. Ele orienta através da intuição, esse sussurro preciso que reconhece antes de explicar. Diferente do ego, que reage tentando controlar, o Eu Superior guia com clareza, alinhando o coração e revelando caminhos mais autênticos, mesmo quando ainda não são visíveis aos olhos.\r\n\r\nNo poema, ouvir o coração não significa ceder à emoção desordenada, mas recordar a própria essência. Trata-se de permitir que essa consciência elevada assuma a direção, enquanto o ego silencia. É nesse estado que surge uma sensação de inteireza — uma energia sutil, sem forma, que se expressa como amor, lucidez, alegria e presença. Onde antes havia máscaras e conflito, passa a haver coerência e verdade.\r\n\r\nO diálogo entre o eu humano e o Eu Superior transforma a experiência da realidade. O mundo não muda em aparência, mas em densidade. O excesso perde relevância, o acaso revela sentido e a vida deixa de ser uma sucessão de reações para se tornar uma sequência de escolhas alinhadas. Surge, então, uma percepção mais ampla de pertencimento a um universo em evolução, onde a separação dá lugar à unidade.\r\n\r\nO poema também propõe um contraste claro entre duas forças internas.\r\nO Eu Superior orienta para a união, a expansão, a autenticidade, o prazer consciente e a facilidade de ser. Ele habita o presente, age com espontaneidade e não precisa convencer.\r\nO ego, por outro lado, sustenta-se no “devo ser”, no medo e na necessidade de controle, criando conflitos e personagens para se proteger.\r\n\r\nReconectar-se com o Eu Superior não exige esforço, mas disponibilidade. O silêncio, a atenção plena e o autoconhecimento criam o espaço necessário para que essa voz seja ouvida. Honrar a intuição é aprender a confiar nesse saber sutil que aponta caminhos coerentes, mesmo quando desafiam a lógica do ego.\r\n\r\nEm essência, este poema é um lembrete gentil: não estamos perdidos — apenas, por vezes, distantes de nós mesmos. O Eu Superior nunca se ausenta; ele aguarda pacientemente o momento em que escolhemos escutar. E quando esse reencontro acontece, o caminhar deixa de ser busca para se tornar lembrança, e a vida passa a se expandir a partir do alinhamento com quem verdadeiramente somos.
- Categoria: Reflexão
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