Nada começa no gesto.
Antes do passo, algo decide caminhar.
Um sopro sem forma inclina o mundo,
e o mundo obedece sem perceber.
O que vibra chama seu semelhante,
como cordas que se reconhecem no escuro.
Não é magia — é afinidade.
O caos só parece caos para quem não escuta o ritmo.
Há um fio tenso entre dar e receber,
um pêndulo paciente que jamais se esquece.
O excesso pede retorno,
a falta aprende a chamar.
A queda não é punição,
é curva necessária do voo.
Tudo o que sobe aprende a descer
para saber, um dia, sustentar o alto.
O tempo não corre — ensina.
Ele amadurece causas,
lapida intenções,
e devolve frutos exatamente do tamanho do que foi semeado.
Nada se perde no silêncio.
Toda escolha deixa um rastro,
toda omissão escreve também,
ainda que em tinta invisível.
E no centro disso tudo,
o humano desperta devagar:
não como dono do mundo,
mas como parte consciente do movimento.
Quando compreende, não controla —
alinha.
Não força — ajusta.
Não exige — participa.
E então, sem anúncios,
o universo coopera.
Porque sempre cooperou.
-
Autor:
Gilberto Lima (Pseudónimo (
Online) - Publicado: 16 de dezembro de 2025 19:31
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema nasce da percepção de que a vida responde, mesmo quando parece em silêncio. Ele fala sobre escolhas invisíveis, sobre movimentos internos que antecedem os acontecimentos e sobre a responsabilidade sutil que carregamos ao pensar, sentir e agir.\r\n\r\nNão é um texto sobre controle, mas sobre alinhamento. Sobre entender que cada passo, cada intenção e cada omissão participam de algo maior — e que a consciência transforma a forma como atravessamos o caminho.\r\n\r\nEscrevi como quem observa o fluxo e aprende a cooperar com ele. Porque quando compreendemos que fazemos parte do movimento, deixamos de lutar contra a vida e passamos a caminhar com ela.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 2

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