O poema foi preso,
Estava armado e perigoso
Na esquina da rua arte,
No morro da vida.
O poema vendia
Seus versos proibidos,
Escondia-se para
Não ser notado.
O poema foi colocado
Atrás do camburão,
Apanhou tanto o poema,
Que não conseguia respirar,
E nem inspirar,
Foi levado pro DP
Para interrogatório
E quando disse não saber
Quem era o dono do jogo,
Apanhou mais e mais,
E foi jogado feito um bicho
Numa jaula minúscula,
Parecia uma antologia
De poemas marginais.
O poema foi solto
Voltou às ruas,
E ao ouvir o choro contínuo
De seus pequeninos filhos,
Tentou se empregar
Foi rejeitado, disseram-lhe
Não haver vagas
Para poema marginal,
Bateu de porta em porta,
Sempre recebia um não no final,
O poema foi pedir ajuda,
Para engrossar o mingau,
Mas ninguém queria ouvir,
Aquele mote infernal.
Sem saída o poema foi roubar,
Primeiro pontos, vírgulas e
Reticências...
Depois pequenas letras,
E foram elas sua decadência.
A polícia o encontrou novamente,
Exigiram-lhe dinheiro,
Mas o poema não tinha,
Pediram as estrofes proibidas,
Mas o poema estava mudo,
Bateram no poema de novo,
Não levaram-no preso,
Abandonaram-no inerte e sem vida
Num terreno baldio qualquer.
E foram atrás da música
Que se prostituía
Num outro canto da cidade!
21 de setembro de 2013.
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Autor:
Well Calcagno (
Offline) - Publicado: 16 de dezembro de 2025 07:07
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
- Usuários favoritos deste poema: Arthur Santos

Offline)
Comentários2
Façam o que fizerem nunca ninguém conseguirá amordaçar um poema!
Neste poema há lições inspiradoras.
Muito bom!
Obrigado pela leitura e comentário, grande abraço!
Seu poema é impressionantemente bom. Parece descrever o que se está todos os dias nos jornais e nas vielas. Tocante e dialógico com quem o ler. Obrigado por compartilhar.
Bom dia meu caro, eu que agradeço pela atenção na leitura do meu poema, e pelo comentário. Grande abraço!
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