Cascas de ferida

Well Calcagno

 

Retira as cascas

Das feridas da alma,

Observa a secreção purulenta

Jorrar feito a cascata

Duma cachoeira em meio

A mata densa.

É noite ainda neste ser,

Dum negrume tão profundo

Que é quase possível tocar.

 

Os ecos das tormentas

Passadas ainda estão presentes,

Nunca são rechaçados.

Ficam ali, à espera de novos tormentos

Que somados a estes

Formarão a orquestra

da música sombria de sua vida.

 

O cheiro podre das chagas

Abraça a existência

Como braços fortes e firmes

Ou como um vasto campo florido

Ao fim de uma tarde de primavera .

Vai sorvendo dessas máculas,

O antídoto que lhe fará domar a

Fera.

 

3 de nov 2025.

 

 
  • Autor: Well Calcagno (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de dezembro de 2025 08:16
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 10


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