Retira as cascas
Das feridas da alma,
Observa a secreção purulenta
Jorrar feito a cascata
Duma cachoeira em meio
A mata densa.
É noite ainda neste ser,
Dum negrume tão profundo
Que é quase possível tocar.
Os ecos das tormentas
Passadas ainda estão presentes,
Nunca são rechaçados.
Ficam ali, à espera de novos tormentos
Que somados a estes
Formarão a orquestra
da música sombria de sua vida.
O cheiro podre das chagas
Abraça a existência
Como braços fortes e firmes
Ou como um vasto campo florido
Ao fim de uma tarde de primavera .
Vai sorvendo dessas máculas,
O antídoto que lhe fará domar a
Fera.
3 de nov 2025.