Quando o drama da vida começa
— e o mundo, sem aviso, pifa —
aprendi que o pânico é uma opção.
Não obrigatória.
Há também essa outra, mais ousada:
nós.
Confesso:
às vezes espero segurança no concreto,
em planos bem numerados,
em certezas que prometem durar mais
do que realmente duram.
Mas a vida ri dessas engenharias
com um riso debochado
e puxa o tapete filosófico
bem no meio do pensamento sério.
É então que percebo:
a segurança mora em algo menos sólido
e muito mais escorregadio —
a cumplicidade.
Essa coisa estranha
que me faz rir justamente quando tudo dá errado
e perguntar, em voz baixa:
“era isso mesmo que chamavam de controle?”
Não vamos gastar lágrimas.
Elas são recurso renovável, eu sei,
mas prefiro reutilizá-las
em gargalhadas fora de hora.
Chorar, sim —
mas de tanto rir do caos
como quem entende que a vida
não veio com manual,
apenas com trocadilhos mal explicados.
Avancemos.
Não porque sabemos para onde,
mas porque juntos ficamos
menos perdidos.
Somos essa dupla improvável
que transforma tragédia em comédia,
medo em piada interna,
e dúvida em assunto de conversa
num fim de tarde qualquer.
E se o sentido da vida
for mesmo um mistério,
que seja ao menos um mistério
contado em tom de riso baixo,
de mãos dadas,
enquanto o mundo falha de novo
— e a gente, teimosamente,
escolhe não falhar junto.
-
Autor:
Bulaxa Kebrada (Pseudónimo (
Offline) - Publicado: 10 de dezembro de 2025 15:59
- Comentário do autor sobre o poema: Quando o drama da vida começa e o mundo pifa, o pânico é uma opção, mas a gente tem a opção "nós". A segurança não está no concreto, mas na cumplicidade que nos faz rir do caos! Não vamos gastar lágrimas, vamos usá-las para gargalhar dos desastres. Avancemos, porque juntos somos a dupla que transforma a tragédia em comédia (e o medo em piada interna).
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
- Usuários favoritos deste poema: Luana Santahelena, Sezar Kosta

Offline)
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